O 10º Coffee Dinner & Summit deu início à programação desta quinta-feira (3) com o painel “CEO’s & Lideranças do Agronegócio Café Global”, reunindo executivos de grandes multinacionais e representantes do setor produtivo para discutir o cenário atual da cafeicultura mundial. O painel foi marcado pelo encontro entre visões internacionais e a perspectiva nacional sobre os rumos do setor.
Participaram da mesa Carlos Alberto Santana Jr. (EISA e Cecafé), David Neumann (Neumann Gruppe), Nicolas A. Tamari (Sucafina), Teddy Esteve (Volcafé) e Ben Clarkson (Louis Dreyfus Company).
Em entrevista ao Agro em Campo, Carlos Alberto Santana Jr., diretor comercial da EISA e conselheiro do Cecafé, avaliou positivamente o painel e destacou os dois grandes produtos gerados por um evento como esse: conexões e conhecimento.
“Um seminário sempre tem dois produtos: o networking que é fornecido para quem está participando e informação. E, nesse sentido, eu particularmente fiquei muito satisfeito com o primeiro painel. Nós tínhamos nada menos do que um terço do negócio mundial aqui representado, com quatro grandes multinacionais, que trouxeram muita informação positiva”, afirmou.
Consumo segue em alta
Segundo Santana, embora os preços tenham caído recentemente no mercado internacional, o painel demonstrou que o consumo segue aquecido.
“Os preços vêm caindo recentemente e isso dá uma sensação de que exista um problema de consumo. E não foi o que nós sentimos aqui hoje. No mercado, os preços estão altos e isso cria um efeito de grandes exportações. O mundo inteiro vem com exportações muito altas, mas o que nós aprendemos aqui é que o nível de estoque está baixo.”
Conforme a explicação do conselheiro do Cecafé, se o estoque do mercado comprador está baixo mesmo diante das grandes exportações feitas pelo mercado produtor, o sinal é de que o consumo está alto.
Sustentabilidade e desafios regulatórios
Durante o painel, os executivos também discutiram os impactos das novas regulamentações internacionais, especialmente as exigências da União Europeia em relação à rastreabilidade e às práticas ESG. Santana destacou que o Brasil está pronto para responder a esses desafios.
“O Brasil está extremamente bem preparado. Eu diria que o mérito é do próprio rural, que vem fazendo a lição de casa. Entretanto, nós abordamos um pouco disso aqui. O que faz do nosso negócio ser tão interessante é um pouco essa questão de multicultura. Essa questão do blend, o que trouxe esse mercado ser do tamanho do que é hoje, muito provavelmente é a possibilidade de você ter cafés sendo produzidos nas montanhas da América Central, da África, da Ásia e, obviamente, o Brasil vai continuar um líder do setor produtivo do café.”
Ele também pontuou que o país tem responsabilidade global ao compartilhar boas práticas com outras regiões produtoras.
“Entretanto, de alguma maneira nós também temos um pouco de responsabilidade de dividir boas práticas agrícolas que nós temos aqui com os produtores, por exemplo, na África, onde nós temos um dos grandes problemas mundiais que é a migração forçada.”
Brasil se consolida como protagonista no mercado
Na entrevista ao Portal Agro em Campo, Carlos Alberto Santana Jr. reforçou ainda que o Brasil continua sendo o principal protagonista da cadeia global do café, unindo produtividade, qualidade e responsabilidade ambiental.
“Nós somos o segundo maior consumidor do mundo e o principal exportador do mundo. Nós precisamos valorizar muito o principal protagonista da cadeia, que é o produtor rural. Ele vem fazendo a lição e em investimentos constantes, com muito destaque no ganho de produtividade. E isso torna o Brasil um player diferente no mercado mundial, com muita competitividade.”
Para ele, a jornada brasileira deve seguir unindo responsabilidade com educação do consumidor.
“Obviamente, nós precisamos seguir produzindo com responsabilidade. E isso, de alguma maneira, também focar na qualidade. Ninguém gosta de consumir algo ruim. Então essa jornada de educação do consumidor, do que é o bom café, precisamos seguir com ela.”
O conselheiro do Cecafé defendeu ainda que os preços se equilibrem de forma justa ao longo da cadeia.
“Obviamente, os preços precisam encontrar um equilíbrio que seja sustentável também para o consumidor. Precisa remunerar o produtor, a cadeia toda, mas que seja também sustentável para os consumidores.”