O mercado tradicional para engenheiros mecânicos tem se mostrado cada vez mais desafiador, com redução de vagas formais e salários abaixo das expectativas. Muitos profissionais encontram dificuldades para se inserir em grandes empresas e acabam migrando para outras áreas ou enfrentando longos períodos sem trabalho. Nesse cenário, atuar de forma autônoma surge como uma alternativa viável. Permitindo que o engenheiro explore nichos menos saturados e com alta demanda por seus serviços.
E o agronegócio se apresenta como um desses nichos, oferecendo oportunidades para quem busca independência profissional e deseja aplicar seus conhecimentos em um setor essencial para a economia do país. De acordo com o boletim “Mercado de Trabalho do Agronegócio Brasileiro”, elaborado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o agronegócio brasileiro empregou, no terceiro trimestre de 2024, 28,4 milhões de pessoas, representando 26% das ocupações no país.
Mas apesar da força do setor, a conexão entre a engenharia mecânica e o agronegócio ainda é pouco explorada, e existe uma demanda significativa reprimida por esse profissional no campo. Deve haver uma maior conscientização para que mais negócios exijam laudos e Anotações de Responsabilidade Técnica (ART) que somente um profissional técnico especializado pode emitir.

Dessa maneira, o mercado agropecuário apresenta oportunidades concretas para engenheiros mecânicos autônomos. Especialmente em relação a máquinas pesadas, maquinários utilizados em operações fabris e também nas atividades de estocagem, tanto de grãos quanto de líquidos, com a inspeção de silos e tanques, por exemplo. Equipamentos como caldeiras, compressores e vasos de pressão, que exigem conformidade com normas como a NR-13, são áreas que também necessitam de acompanhamento especializado.
Contribuição significativa
A engenharia mecânica pode contribuir significativamente ainda para a modernização do agronegócio, tornando os processos mais eficientes e automatizados. Com a mecanização crescente, a demanda por profissionais que dominem essas tecnologias só tende a aumentar. Além disso, a busca por energias renováveis no setor abre mais um campo de atuação. A engenharia mecânica entra forte em áreas como energia eólica e solar, cuidando da estrutura e do funcionamento dos equipamentos.
Outra tendência do setor é a adoção da agricultura de precisão, que envolve o uso de sensores, drones e sistemas integrados para aumentar a produtividade e reduzir desperdícios, e o engenheiro mecânico tem papel fundamental nesses equipamentos e tecnologias.
Falta de profissionais
A escassez de engenheiros mecânicos especializados no agronegócio é um fator que precisa ser superado, mas também torna as oportunidades ainda maiores. Para se destacar, é essencial conhecer os equipamentos e as necessidades do setor, além de compreender as dores dos clientes. A maior dificuldade dos engenheiros atualmente é entender a demanda real do cliente. É preciso ir a campo, conversar com profissionais do setor, visitar feiras, se aprofundar no tema e entender o que realmente é necessário
E devemos somar a tudo isso o fato de que os engenheiros mecânicos precisam despertar para a atuação de forma autônoma. O modelo de emprego tradicional tem desvalorizado a profissão, com salários abaixo do ideal. E os engenheiros mecânicos precisam aprender a enxergar oportunidades para oferecer e desenvolver seus serviços lidando diretamente com o cliente, sem depender de vínculos empregatícios.
Com a crescente necessidade de eficiência do agronegócio, a engenharia mecânica se posiciona como um setor-chave para a evolução do campo, mas cabe aos profissionais da área se especializarem e buscarem inserção nesse mercado promissor.
*Daniel Lemos, engenheiro mecânico e fundador da Engenhando Soluções
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