Um passo firme no campo, outro na gestão moderna e um olhar atento ao futuro: assim caminha o protagonismo feminino na produção de leite no Brasil. Em um cenário de alta capilaridade – presente em 98% dos municípios do país – o setor lácteo ganha cada vez mais força com a atuação de mulheres que aliam tecnologia, sustentabilidade e impacto social em suas propriedades.
Três exemplos dessa transformação são Alessandra Barth, Lisiane Rocha Czech e Maria Lúcia Bessa, premiadas no Prêmio Mulheres do Agro, iniciativa da Bayer em parceria com a ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio). Cada uma, em sua realidade, rompeu barreiras e tornou sua fazenda um modelo de equilíbrio entre produtividade e responsabilidade ambiental.
Gestão, tecnologia e bem-estar animal

Ex-professora, Alessandra Barth assumiu o Sítio São Jorge, em Ipiranga (PR), em 2021. Terceira colocada na categoria pequena propriedade em 2023, ela implantou um modelo de gestão baseada em dados, com software zootécnico e financeiro, inseminação artificial e uso de colares inteligentes para monitoramento do rebanho. A fazenda também adota energia solar e reaproveitamento de dejetos como adubo, resultando em economia de até 90% nas contas de energia.
Além da eficiência, o bem-estar animal é prioridade. “Uma vaca que não está bem e não está confortável, não produz”, resume Alessandra. O reconhecimento do prêmio, segundo ela, mostrou que o caminho da inovação e da sensibilidade pode – e deve – caminhar junto no campo.

Na categoria grande propriedade, quem brilhou foi Lisiane Rocha Czech, da Fazendinha Sofia, em Teixeira Soares (PR). Desde 1992 à frente do negócio, ela modernizou a propriedade de 182 hectares, que hoje abriga 402 animais de alto rendimento. A adoção de energia fotovoltaica, plantio direto, logística reversa e manejo sustentável consolidou sua posição como referência.
Para Lisiane, o prêmio abriu novas possibilidades de troca de experiências. Em março, ela reuniu mais de 200 mulheres em um dia de campo, inclusive produtoras rurais vindas da Alemanha. “A atividade leiteira é intensa, cheia de detalhes. E é isso que me motiva: os desafios constantes”, afirma.
Modelo de agricultura regenerativa no Centro-Oeste

Na categoria média propriedade, a 2ª colocação foi para Maria Lúcia Bessa, da Fazenda São Tomaz, em Rio Verde (GO). Autodidata, ela transformou a fazenda em um laboratório vivo de agricultura regenerativa, com recuperação de nascentes, pastagem rotacionada e uso de energia solar. A propriedade alia produtividade com redução do impacto ambiental. “Equilibrar inovação com respeito ao meio ambiente é o que guia nosso trabalho”, afirma.
Nestlé fortalece apoio às mulheres do agro
Para 2025, o Prêmio Mulheres do Agro conta com uma nova apoiadora institucional: a Nestlé Brasil. A empresa já investe no protagonismo feminino com o programa Força da Moça, além de promover práticas sustentáveis no leite por meio do Nature por Ninho. A parceria com a premiação visa ampliar a participação de mulheres no setor e fortalecer pilares ESG (ambiental, social e de governança).
“Acreditamos que fortalecer o papel da mulher no campo é essencial para o avanço do agronegócio”, afirma Bárbara Sollero, Head de Agricultura Regenerativa da Nestlé. Priscila Araújo, da Bayer, complementa: “Unimos forças por um futuro mais equitativo e sustentável”.
As inscrições para a edição de 2025 estão abertas até 31 de julho, no site oficial do prêmio.
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