Resumo da notícia
- A Conab projeta colheita de 56,5 milhões de sacas de café em 2025, a terceira maior da série histórica, com crescimento de 4,3% apesar da bienalidade negativa do arábica.
- O conilon alcança recorde histórico com 20,8 milhões de sacas, impulsionado pelo Espírito Santo e Bahia, enquanto o arábica recua 9,7% devido à seca e bienalidade negativa.
- Exportações de café caem 17,8% em volume, mas atingem recorde de US$ 12,9 bilhões em valor, refletindo alta nos preços apesar da menor oferta no mercado interno.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que o Brasil colherá 56,5 milhões de sacas de café de 60 quilos em 2025. O resultado marca a terceira maior safra da série histórica da instituição e representa um crescimento de 4,3% em relação a 2024, mesmo em ano de bienalidade negativa para o arábica.
O 4º Levantamento de Café 2025, divulgado nesta quinta-feira (4), mostra que a área em produção recuou 1,2% e chegou a 1,85 milhão de hectares. Porém, a produtividade média nacional subiu para 30,4 sacas por hectare, impulsionada principalmente pelo desempenho excepcional das lavouras de conilon.
Conilon quebra recorde histórico com 20,8 milhões de sacas
O conilon protagoniza a safra 2025 ao atingir 20,8 milhões de sacas, superando o recorde anterior de 18,2 milhões registrado em 2022. A produção da espécie avançou 42,1% em relação ao ano passado, beneficiada pela regularidade climática que favoreceu o vigor das plantas e gerou elevada carga produtiva.
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O Espírito Santo, maior produtor nacional de conilon, colhe 14,2 milhões de sacas — um salto de 43,8% sobre 2024. A Bahia projeta 3,29 milhões de sacas, crescimento expressivo de 68,7% na comparação anual. Rondônia espera produzir 2,32 milhões de sacas, alta de 10,8% frente à temporada anterior.
Arábica recua 9,7% pressionado por bienalidade e seca
O arábica enfrenta um ciclo desafiador em 2025. A bienalidade negativa, somada aos períodos de escassez hídrica durante a safra, reduziu o potencial produtivo das lavouras. A área em produção caiu 1,5%, atingindo 1,49 milhão de hectares, enquanto a produtividade média despencou 8,4%, chegando a 24,1 sacas por hectare.
Com isso, a colheita do arábica totaliza 35,76 milhões de sacas, queda de 9,7% em relação à safra anterior.
Minas Gerais, principal estado produtor do país, colheu 25,17 milhões de sacas de arábica — retração de 9,2% provocada pelo ciclo de bienalidade negativa e pelo longo período de seca antes da floração. A colheita finalizou em setembro.
São Paulo registra 4,7 milhões de sacas, recuo de 12,9% atribuído aos efeitos da baixa bienalidade e ao clima adverso, marcado por estiagem e altas temperaturas. Na contramão, a Bahia apresenta crescimento de 2,5%, alcançando 1,14 milhão de sacas, com destaque para a região do Cerrado, que avançou 18,5%.
Exportações batem recorde em valor apesar de volume menor
O Brasil exportou cerca de 34,2 milhões de sacas de café entre janeiro e outubro de 2025, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O volume representa queda de 17,8% na comparação com o mesmo período de 2024.
A redução ocorre principalmente pela limitação dos estoques internos no início do ano, após o embarque recorde de 50,5 milhões de sacas em 2024.
Apesar do volume menor, as exportações brasileiras de café somaram US$ 12,9 bilhões no acumulado dos dez primeiros meses de 2025, superando o total exportado nos 12 meses de 2024. O país estabelece um novo recorde anual mesmo sem contabilizar os dados do último bimestre.
O crescimento no valor das exportações resulta do aumento dos preços médios do café no mercado internacional em 2025, que compensou a redução na quantidade embarcada.
Estoque mundial atinge menor nível em 25 anos
Análises do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) preveem aumento na produção mundial de café na safra 2025/26. No entanto, especialistas não esperam reduções expressivas nas cotações devido ao baixo patamar do estoque remanescente do ciclo anterior.
O estoque mundial no início da safra 2025/26 é o mais baixo dos últimos 25 anos, estimado em 21,8 milhões de sacas de 60 quilos.