O superintendente da OCB/PA, Júnior Serra, concedeu entrevista exclusiva ao portal Agro em Campo, detalhando como as cooperativas da agricultura familiar no estado vêm fortalecendo a produção por meio da compra coletiva de insumos. Segundo ele, o modelo não apenas organiza os produtores, mas também garante maior competitividade e retorno financeiro para quem integra essas cooperativas.
Qual é o principal trabalho das cooperativas no Pará hoje?
“O que a gente faz muito aqui no estado do Pará é, em primeiro lugar, organizar. Fazemos um levantamento da produção, porque todo mundo que produz alguma coisa precisa de insumos agrícolas. A cooperativa entra justamente nesse ponto: comprar direto, principalmente quando temos mais de 20, 30, 40 produtores juntos. Esse volume gera um diferimento no valor de compra, tornando o processo competitivo.”
Como funciona esse modelo na prática?
“Primeiro fazemos toda a lista dos possíveis cooperados e levantamos a necessidade de cada um. A partir disso, vamos barganhar preço no mercado. É nesse momento que conseguimos mais competitividade e vantagem econômica para os produtores.”
Pode dar um exemplo concreto de resultado?
“Temos uma cooperativa, em um município próximo a Belém, que antes era uma associação. No primeiro ano como cooperativa, com 64 pequenos produtores rurais, alcançou um faturamento de R$ 500 mil. Desse valor, sobraram R$ 400 mil graças ao modelo da compra coletiva. Isso mostra como o sistema é eficiente.”
A compra coletiva, então, é o ponto de partida?
“Exatamente. A compra coletiva já é algo que estimula muito e sempre dá certo. Não tem como dar errado, porque todo produtor precisa de insumos agrícolas. O trabalho inicial é mapear essa demanda e negociar em bloco.”
Qual é a diferença entre associação e cooperativa?
“Tanto em associação quanto em cooperativa é possível participar de editais. Mas a associação tem mais restrições legais, porque seu fim é assistencial e cultural. Já a cooperativa tem caráter econômico.”
E isso impacta no retorno financeiro?
“Sim. Todo recurso que entra em uma associação não pode ser dividido entre os associados, precisa ser investido em prol da coletividade. No cooperativismo é diferente: o associado recebe proporcionalmente ao que entregou da produção dele.”