Unir para fortalecer. Esse é o princípio que guia o cooperativismo brasileiro, um modelo socioeconômico que vem transformando comunidades em todas as regiões do país. Com mais de 25,8 milhões de cooperados e a geração de 578 mil empregos diretos, o setor demonstra força ao combinar crescimento econômico, inclusão social e impacto comunitário.
Segundo o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, os resultados comprovam a resiliência do modelo. “Chegamos a um crescimento de 66% no número de cooperados desde 2019. Mais do que números, entregamos dignidade, renda e desenvolvimento sustentável”, afirmou. Em 2024, as cooperativas brasileiras movimentaram R$ 757,9 bilhões, com expansão de 9,5% em relação ao ano anterior.
Modelo centrado em pessoas
O cooperativismo se diferencia por colocar os associados no centro do negócio. Cada cooperado é, ao mesmo tempo, dono e participante ativo das decisões. “Nossa governança é democrática: cada pessoa tem direito a um voto, independente do quanto investe. Não falamos em lucro, mas em sobras, que são reinvestidas na própria cooperativa ou na comunidade”, explicou Samara Araújo, gerente de comunicação do Sistema OCB.

Esse modelo gera impacto direto nas regiões em que atua. Em muitas localidades, as sobras são revertidas em melhorias nas escolas, infraestrutura e programas sociais. Além das cooperativas de crédito, destacam-se iniciativas ligadas ao artesanato, reciclagem, turismo, agricultura e meliponicultura, que têm impulsionado cadeias produtivas e promovido inclusão econômica.
Exemplos da Amazônia
No Pará, duas experiências demonstram como o cooperativismo atua na prática. Em Santarém, a Cooperativa Turiarte, localizada na comunidade do Anã, fortalece o turismo de base comunitária e o artesanato local, garantindo renda para dezenas de famílias. A iniciativa valoriza a cultura amazônica e atrai visitantes interessados em vivências sustentáveis.
Já em Tomé-Açu, a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA) é referência em produção agrícola sustentável. Com forte atuação na diversificação de culturas e no uso de sistemas agroflorestais, a cooperativa combina geração de renda com preservação ambiental, transformando o município em um polo de inovação no agronegócio.
Esses exemplos regionais reforçam o caráter plural do cooperativismo, capaz de unir tradição e modernidade, pequenas comunidades e grandes cadeias produtivas.
Estrutura de apoio e capilaridade nacional
Criado em 1969, durante o IV Congresso Brasileiro do Cooperativismo, o Sistema OCB unificou a representação nacional e hoje atua em três frentes:
Organização das Cooperativas do Brasil – OCB – responsável pela representação política junto ao Executivo, Legislativo e Judiciário;
Confederação Nacional das Cooperativas – CNCoop – entidade sindical de grau máximo, que defende os interesses das cooperativas;
Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – Sescoop – braço de formação e capacitação, voltado ao desenvolvimento humano, gestão e promoção social.
Esse tripé garante que as cooperativas recebam suporte em inteligência de dados, capacitação, inovação, ESG, comunicação e negócios. “Levamos tecnologia e assistência técnica até os cooperados no interior do país, ajudando a fortalecer sua competitividade”, reforçou Samara.
Futuro sustentável e reconhecimento internacional
O ano de 2025 marca um momento simbólico: a ONU destacou o cooperativismo como modelo essencial para um futuro mais justo e sustentável. Para o presidente da OCB, o reconhecimento fortalece a posição do setor no Brasil e no mundo. “Distribuímos R$ 51,4 bilhões em sobras em 2024, que retornam para as comunidades e alimentam novos sonhos. O cooperativismo é um ciclo virtuoso de prosperidade compartilhada”, disse.
Com presença em todos os estados, o movimento segue em expansão e incorporando novas práticas. Hoje, 52% da força de trabalho do setor é feminina, e cresce o número de jovens interessados em integrar cooperativas, principalmente em áreas ligadas à inovação e à economia verde.
Em síntese, o cooperativismo se consolida como uma alternativa concreta frente aos desafios sociais, econômicos e ambientais. Mais do que números, representa a força da união coletiva para transformar realidades. Como resume o lema do Sistema OCB: unidos somos mais fortes e vamos mais longe!