Sistema OCB reúne mais de 25 milhões de cooperados e movimenta R$ 757 bilhões em 2024
Artesanato produzido pela Cooperativa Turiarte - Foto: Pedro H. Lopes/ Agro Em Campo

Unir para fortalecer. Esse é o princípio que guia o cooperativismo brasileiro, um modelo socioeconômico que vem transformando comunidades em todas as regiões do país. Com mais de 25,8 milhões de cooperados e a geração de 578 mil empregos diretos, o setor demonstra força ao combinar crescimento econômico, inclusão social e impacto comunitário.

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Segundo o presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Márcio Lopes de Freitas, os resultados comprovam a resiliência do modelo. “Chegamos a um crescimento de 66% no número de cooperados desde 2019. Mais do que números, entregamos dignidade, renda e desenvolvimento sustentável”, afirmou. Em 2024, as cooperativas brasileiras movimentaram R$ 757,9 bilhões, com expansão de 9,5% em relação ao ano anterior.

Modelo centrado em pessoas

O cooperativismo se diferencia por colocar os associados no centro do negócio. Cada cooperado é, ao mesmo tempo, dono e participante ativo das decisões. “Nossa governança é democrática: cada pessoa tem direito a um voto, independente do quanto investe. Não falamos em lucro, mas em sobras, que são reinvestidas na própria cooperativa ou na comunidade”, explicou Samara Araujo, gerente de Marketing e Comunicação do Sistema OCB.

Samara Araujo, gerente de Marketing e Comunicação do Sistema OCB – Foto: Pedro H. Lopes/Agro Em Campo

Esse modelo gera impacto direto nas regiões em que atua. Em muitas localidades, as sobras são revertidas em melhorias nas escolas, infraestrutura e programas sociais. Além das cooperativas de crédito, destacam-se iniciativas ligadas ao artesanato, reciclagem, turismo, agricultura e meliponicultura, que têm impulsionado cadeias produtivas e promovido inclusão econômica.

Exemplos da Amazônia

No Pará, duas experiências demonstram como o cooperativismo atua na prática. Em Santarém, a Cooperativa Turiarte, localizada na comunidade do Anã, fortalece o turismo de base comunitária e o artesanato local, garantindo renda para dezenas de famílias. A iniciativa valoriza a cultura amazônica e atrai visitantes interessados em vivências sustentáveis.

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Já em Tomé-Açu, a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA) é referência em produção agrícola sustentável. Com forte atuação na diversificação de culturas e no uso de sistemas agroflorestais, a cooperativa combina geração de renda com preservação ambiental, transformando o município em um polo de inovação no agronegócio.

Esses exemplos regionais reforçam o caráter plural do cooperativismo, capaz de unir tradição e modernidade, pequenas comunidades e grandes cadeias produtivas.

Estrutura de apoio e capilaridade nacional

Criado em 1969, durante o IV Congresso Brasileiro do Cooperativismo, o Sistema OCB unificou a representação nacional e hoje atua em três frentes:

Organização das Cooperativas Brasileiras  – OCB responsável pela representação política junto ao Executivo, Legislativo e Judiciário;

Confederação Nacional das Cooperativas – CNCoop – entidade sindical de grau máximo, que defende os interesses das cooperativas;

Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – Sescoop – braço de formação e capacitação, voltado ao desenvolvimento humano, gestão e promoção social.

Esse tripé garante que as cooperativas recebam suporte em inteligência de dados, capacitação, inovação, ESG, comunicação e negócios. “Levamos tecnologia e assistência técnica até os cooperados no interior do país, ajudando a fortalecer sua competitividade”, reforçou Samara.

Futuro sustentável e reconhecimento internacional

O ano de 2025 marca um momento simbólico: a ONU destacou o cooperativismo como modelo essencial para um futuro mais justo e sustentável. Para o presidente da OCB, o reconhecimento fortalece a posição do setor no Brasil e no mundo. “Distribuímos R$ 51,4 bilhões em sobras em 2024, que retornam para as comunidades e alimentam novos sonhos. O cooperativismo é um ciclo virtuoso de prosperidade compartilhada”, disse.

Com presença em todos os estados, o movimento segue em expansão e incorporando novas práticas. Hoje, 52% da força de trabalho do setor é feminina, e cresce o número de jovens interessados em integrar cooperativas, principalmente em áreas ligadas à inovação e à economia verde.

Em síntese, o cooperativismo se consolida como uma alternativa concreta frente aos desafios sociais, econômicos e ambientais. Mais do que números, representa a força da união coletiva para transformar realidades. Como resume o lema do Sistema OCB: unidos somos mais fortes e vamos mais longe.