Resumo da notícia
- A infraestrutura defasada dos portos brasileiros causou atrasos no embarque de 2.065 contêineres de café em outubro, gerando perdas de R$ 8,7 milhões para exportadores devido a armazenagem extra e outras taxas.
- O porto de Santos, principal exportador com 79% dos embarques, liderou os atrasos, com 73% dos navios afetados em outubro e espera máxima de 61 dias, agravando as dificuldades logísticas do setor.
- Apesar de investimentos anunciados para melhoria, os projetos no porto de Santos levarão pelo menos cinco anos para serem concluídos, mantendo o cenário crítico para exportadores no curto prazo.
A infraestrutura defasada dos portos brasileiros pressiona os exportadores de café e amplia as perdas financeiras. Em outubro, atrasos de navios e rolagens de cargas impediram o embarque de 2.065 contêineres. O levantamento do Cecafé aponta que os exportadores perderam R$ 8,7 milhões com armazenagem extra, pré-stacking e detentions no mês.
O volume retido somou 681.590 sacas de 60 quilos. O país deixou de receber US$ 278 milhões em receita cambial. O valor representa R$ 1,49 bilhão, conforme o preço médio FOB de US$ 407,99 por saca e a cotação média do dólar de R$ 5,38 em outubro.
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O diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, afirma que o cenário já era esperado. Ele destaca que o setor alerta sobre o problema há anos. Ele também ressalta que a situação piora, sobretudo em Santos, que lidera os embarques de café no Brasil. “A oferta de pátio e de berço do Tecon Santos 10 segue atrasada”, afirma.
Heron reconhece que o governo e o setor privado anunciaram investimentos. Ele cita o aprofundamento do calado para 16 metros, a terceira via da Anchieta e a nova alça de acesso ao porto. No entanto, ele alerta que as obras devem levar pelo menos cinco anos.
Santos concentra maior parte dos atrasos
O Boletim DTZ, elaborado pela ElloX Digital com apoio do Cecafé, confirma o agravamento da situação. Em outubro, 52% dos navios sofreram atrasos ou alterações de escala nos principais portos do país. O índice equivale a 204 embarcações de um total de 393.
Santos registrou o pior cenário. O porto respondeu por 79% dos embarques de café entre janeiro e outubro. No mês retrasado, 73% dos navios tiveram algum atraso. O problema afetou 148 embarcações de um total de 203. A espera máxima atingiu 61 dias. O porto santista também registrou pouco tempo de gate aberto. Apenas 3% dos embarques tiveram mais de quatro dias de janela. Outros 48% ficaram entre três e quatro dias. Os demais 49% tiveram menos de dois dias.
Rio de Janeiro também enfrenta problemas
O complexo portuário do Rio de Janeiro aparece na segunda posição entre os exportadores de café. A participação foi de 17,4% entre janeiro e outubro. Em outubro, 30% dos navios tiveram atrasos. O maior intervalo chegou a 77 dias. O número representa 34 embarcações de um total de 113.
O tempo de gate aberto também foi limitado. Cerca de 22% dos embarques ultrapassaram quatro dias. Outros 48% tiveram entre três e quatro dias. Os demais 30% ficaram abaixo de dois dias.