Resumo da notícia
- A soja completa 100 anos de cultivo no Brasil, e o 10º Congresso Brasileiro de Soja e o Mercosoja discutem estratégias para manter o protagonismo do setor, focando em sustentabilidade, inovação e desafios futuros.
- O evento reúne produtores rurais, assistência técnica, empresas, pesquisadores e estudantes, promovendo troca de experiências e conhecimento entre diferentes atores da cadeia produtiva.
- Sustentabilidade é tema central, com destaque para a soja de baixo carbono e práticas como o plantio direto, além da necessidade de unir responsabilidade ambiental e rentabilidade rural.
- O novo ZARC, ferramenta para manejo climático, e avanços em biotecnologia, fitossanidade e qualidade de sementes são debatidos como soluções para aumentar a resiliência e eficiência na produção.
- O congresso reforça a importância da formação técnica e do planejamento baseado em ciência para enfrentar desafios climáticos, políticos e tecnológicos no agronegócio brasileiro.
Resumo gerado pela redação.
A soja completa 100 anos de cultivo no Brasil em um momento decisivo para o agro. Mais do que celebrar a trajetória da cultura que transformou o país em potência agrícola, o 10º Congresso Brasileiro de Soja e o Mercosoja discutem caminhos para manter o protagonismo do setor nos próximos anos. À frente do evento, o pesquisador A da Embrapa Soja – Sementes e Grãos e presidente do congresso, Fernando Henning, defende que o agricultor é um empresário que precisa gerar lucro com sustentabilidade e estar preparado para desafios climáticos, políticos e tecnológicos. Nesta entrevista ao portal Agro Em Campo, Henning fala sobre os principais debates do congresso, a presença internacional, os avanços em biotecnologia e a importância da formação técnica na base da cadeia.
Qual é o principal objetivo do Congresso?
Esse é o maior evento técnico-científico da cadeia da soja, uma das grandes alavancas do agro brasileiro. Nosso tema, “100 anos de soja: pilares do amanhã”, foi escolhido para refletir tudo o que construímos no passado e o que estamos fazendo para garantir um futuro sustentável. Conseguimos adaptar a soja ao ambiente tropical com muito sucesso — isso não pode ser esquecido.
Quem participa do evento?
O congresso é para todos: produtor rural, assistência técnica, revendas, grandes empresas, pesquisadores públicos e privados, estudantes. É um fórum onde quem já está no agro se encontra com quem está chegando agora. Essa troca de experiências é essencial.
Quais os principais desafios da cadeia hoje?
Temos dificuldades a cada safra, mas é preciso antecipar novos desafios. Nem toda resposta da pesquisa vem de uma safra pra outra. Precisamos trabalhar com tempo, prever cenários e propor soluções baseadas em ciência e tecnologia.

Pesquisador Embrapa Soja- Sementes e Grãos e Presidente do 10º Congresso Brasileiro de Soja e Mercosoja – Foto: Agro Em Campo/ Pedro H. Lopes
Sustentabilidade foi destaque já no primeiro dia. Por quê?
A soja brasileira é constantemente questionada lá fora, principalmente quanto à sustentabilidade. E neste ano, teremos a COP 30 no Brasil. Por isso, começamos o congresso mostrando dados concretos de que é possível produzir com responsabilidade ambiental e rentabilidade. Sustentabilidade também significa lucro. O agricultor é um empresário.
Quais soluções estão sendo debatidas nesse contexto?
Temos temas como soja de baixo carbono, que se conecta com o plantio direto — um sistema em que o Brasil é referência global. Outro destaque é o novo ZARC, com níveis de manejo. Essa ferramenta ajuda o produtor a entender melhor os riscos climáticos e a escolher a melhor estratégia antes de ir ao banco buscar crédito ou seguro.
O evento também aborda fitossanidade e qualidade de sementes?
Sim. A Embrapa tem como missão garantir práticas sustentáveis também no manejo de doenças, pragas e plantas daninhas. Os ensaios de rede orientam o produtor na escolha dos produtos. E falamos muito sobre semente de qualidade, algo que impacta diretamente toda a cadeia. Ainda temos problemas com pirataria, mas mostramos o quanto uma semente legal, de alta qualidade, agrega valor ao grão.
Qual a relação entre isso e o mercado internacional, como a China?
A China é nosso principal comprador. Se começarmos com semente boa, temos mais chance de entregar um grão com padrão superior. Essa conexão é clara. Também trouxemos especialistas para discutir a diplomacia do agro, algo fundamental diante da instabilidade geopolítica atual. Produzir é importante, mas entender o cenário internacional é essencial.
O agricultor brasileiro está preparado para lidar com essa complexidade?
Sim. O nível técnico está mais alto a cada ano. O produtor busca informações, participa de fóruns como este. E não é só ele. O CBSoja também é um espaço para quem está chegando. Temos a Sessão Pôster, com mais de 320 trabalhos de universidades e centros de pesquisa. Isso pode virar uma nova solução no campo.
Há também um workshop com visão de futuro. Do que se trata?
O Workshop Internacional discute os próximos dez anos em genética, melhoramento e biotecnologia. É uma visão conjunta de Brasil, Argentina, Estados Unidos, Canadá e China. Também falamos sobre a lei de cultivares, edição gênica e medidas contra a pirataria. Queremos mostrar que o agro do futuro está sendo construído agora.
Como se dá a troca de experiências entre os participantes?
Temos um momento chamado Mãos à Obra, com cinco cases desafiadores do mercado. O objetivo é promover discussões olho no olho, em sala, com interação direta. O Congresso é isso: compartilhar, aprender, evoluir. Sabemos quem são os concorrentes, mas aqui somos parceiros.
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