O 8º Encoffee, realizado em Uberlândia (MG) nos dias 1 e 2 de outubro, atraiu mais de 900 cafeicultores de sete estados produtores, em uma edição histórica marcada por discussões sobre clima, mercado e inovação no setor cafeeiro. O evento reuniu produtores, cooperativas, pesquisadores e empresas para debater temas cruciais, como manejo, previsão de safra, sustentabilidade e os impactos do clima nas lavouras.
Durante o evento, questões climáticas como seca, geadas e queimadas receberam destaque. Segundo Carlos Augusto, presidente da Cooxupé, o Brasil está preparado para enfrentar as novas exigências ambientais impostas pelo mercado europeu. “Nosso café é produzido de maneira sustentável, em áreas livres de desmatamento”, afirmou, em painel que abordou ESG e as novas regras do comércio internacional.
Desafios do mercado e impacto climático
Os preços do café, especialmente o arábica, seguem em níveis históricos, alimentados pela seca no Brasil e pelo impacto na safra de 2025. A falta de chuvas durante o período de floradas pode comprometer a produção. Enquanto o café conilon atinge preços recordes devido à quebra de safra no Vietnã, segundo dados da Safras e Mercado. Nesta semana, a saca de 60 kg de café arábica foi negociada a R$ 1.480 em Guaxupé (MG). Enquanto isso, o conilon alcançou R$ 1.510 em Vitória (ES).
Durante o painel sobre a cultura do conilon, Luiz Carlos Bastianello, presidente da Cooabriel, destacou os desafios enfrentados pelo setor, como a escassez de mão de obra e a necessidade de maior investimento em pesquisa para melhorar a qualidade do café. “Precisamos de mais segurança para avançar com novos plantios e aprimorar a qualidade do nosso café conilon”, afirmou Bastianello.
Tecnologia e inovação em foco
Ao longo dos dois dias de evento, os participantes discutiram a importância de novas tecnologias, como sistemas de irrigação e certificações, para garantir a sustentabilidade e competitividade do setor. “O objetivo é fornecer conhecimento que ajude o empresário do setor a planejar estratégias para o seu negócio”, comentou Luciana Martins, diretora executiva do Grupo Conecta, organizador do evento.
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Entre os destaques da programação, Felipe Serigatti, economista e coordenador de mestrado em Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentou um panorama econômico global e nacional. Ele ressaltou que, embora a economia mundial apresente sinais de recuperação, há riscos relacionados à desaceleração chinesa e instabilidades no Oriente Médio. No Brasil, ele criticou o modelo de crescimento insustentável, destacando o aumento dos gastos governamentais.
Próximos passos e novos eventos
O sucesso do 8º Encoffee marca um novo capítulo para o Grupo Conecta, que já prepara novos encontros para 2024 e 2025, como o Congresso Conecta Agro (CCA). Esse evento visa integrar todas as iniciativas da empresa, criando um ecossistema de inovação e oportunidades para o agronegócio. Além disso, em novembro deste ano, o Encontro Nacional das Mulheres Cooperativistas reunirá mulheres do agro para discussões técnicas e networking. Rreforçando, assim, a importância da inclusão e diversidade no setor.
Com debates de alto nível e a presença de especialistas, o Encoffee se consolida como um dos principais eventos do setor cafeeiro no Brasil. Conectando cafeicultores e promovendo soluções para os desafios presentes e futuros do mercado.