Em uma coletiva de imprensa realizada em Porto Alegre (RS), presidentes da ABPA e ASGAV expressaram otimismo sobre a retomada da normalidade após a detecção de um caso isolado de Doença de Newcastle no Rio Grande do Sul. Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), e José Eduardo dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), destacaram a rápida ação de monitoramento e esclarecimento como fator crucial para minimizar os impactos nas exportações avícolas do Brasil.
Ricardo Santin, presidente da ABPA, afirmou que esperavam o autoembargo anunciado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil. Isso devido aos acordos sanitários internacionais, reforçando a transparência do país em relação aos cuidados sanitários na produção. Segundo Santin, a exportação brasileira de carne de frango representa, em média, 430 mil toneladas mensais. No pior cenário, os embargos poderiam afetar até 60 mil toneladas dessas exportações.
“Isto não significa que este volume será destinado ao mercado interno. Provavelmente, os fluxos serão alocados para outros possíveis destinos demandantes destes produtos. Especialmente em um momento em que a demanda internacional está aquecida”, explicou Ricardo Santin.
Impacto total na produção não chega a 10%
Luís Rua, diretor de mercados da ABPA, acrescentou que o impacto máximo representaria entre 5% e 7% da produção mensal brasileira. “Cabe reiterar que este é um cenário extremo e não é o que se espera em relação ao comportamento dos mercados. Já há indicativos de potenciais retomadas no curtíssimo prazo, graças ao célere e transparente trabalho de esclarecimento por parte das autoridades técnicas e de negociação dos ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores”, completou.
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José Eduardo dos Santos, presidente da ASGAV, ressaltou a eficiência das autoridades sanitárias federais e estaduais na rápida notificação e ação, o que permitiu uma visualização clara do quadro. “Identificou-se rapidamente o entorno da propriedade, foram feitas as análises, seguiu-se o monitoramento. Não há sinalizações de ampliações da ocorrência e, sim, apenas uma amostra identificada na testagem de uma situação pontual. Por tudo isso, esperamos que o restabelecimento da normalidade ocorra no curto prazo. Vale lembrar, também, que não há qualquer risco para o consumidor. E que já foram realizadas todas as etapas de eliminação da ocorrência e desinfecção da granja”, afirmou.
A expectativa positiva dos líderes do setor avícola reflete a confiança na eficiência das medidas sanitárias. E também na capacidade do Brasil de manter a estabilidade das exportações, mesmo diante de desafios pontuais.
Lembrando que a ABPA tem um trabalho muito importante no setor. Além disso, já tinha emitido uma nota de posicionamento desde o inicio da situação, nota essa reproduzida abaixo.
POSICIONAMENTO SETORIAL – Doença de Newcastle
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) estão acompanhando e dando suporte à ação do Ministério da Agricultura e Pecuária e da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, em relação à uma amostra que testou positivo para o caso de Doença de Newcastle em granja do estado.
As autoridades federais e do estado agiram rapidamente na identificação do caso com interdição da granja, garantindo que não houvesse saída de aves. As autoridades acionaram os protocolos oficiais para mitigar a situação pontual e continuam a monitorar o entorno.
O governo notificou a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) sobre a doença, cumprindo a obrigatoriedade de notificação. Como de praxe, o Brasil manteve e manterá total transparência no tratamento à situação, garantindo rápida solução a esta que é questão sanitária das aves.
Doença de Newcastle
Na última sexta-feira (19), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou a publicação da Portaria MAPA Nº 702 que declara estado de emergência zoossanitária no Estado do Rio Grande do Sul. A medida terá validade de 90 dias e responde à detecção do vírus patogênico da doença de Newcastle em aves comerciais na região.
A declaração de emergência também busca uma resposta epidemiológica ágil, seguindo os protocolos estabelecidos pelo Plano de Contingência de Influenza Aviária e doença de Newcastle. Entre as ações planejadas estão o sacrifício ou abate de todas aves onde houve confirmação do foco afetadas, a desinfecção rigorosa dos locais afetados, a implementação de medidas de biosseguridade, e a vigilância em propriedades num raio de 10km, além da criação de barreiras sanitárias.
É importante ressaltar que não há contraindicação ao consumo de carne de frango e ovos inclusive na região afetada. O MAPA reforça que os produtos inspecionados pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO) continuam seguros e próprios para consumo.
Além disso, o Mapa elaborou um Projeto de Lei para fortalecer ações emergenciais fitossanitárias e zoossanitárias, atualmente em análise no Congresso Nacional. Se aprovado, o projeto permitirá uma mobilização mais rápida e eficaz de recursos governamentais para situações similares.
Confirmaram o foco da doença no município de Anta Gorda (RS) em 17 de julho, após diagnóstico positivo realizado pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP), reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como referência internacional para o diagnóstico da doença.