Os produtores de café têm enfrentado várias dificuldades com a colheita este ano, especialmente devido ao impacto do aquecimento global.
Algumas dessas dificuldades incluem:
- Declínio da produtividade em consequência do aquecimento global, que está afetando a produtividade das plantações de café, levando a uma redução nos rendimentos e qualidade dos grãos.
- Mudanças climáticas, como alterações nas temperaturas e nos padrões de chuva, estão afetando a distribuição e a qualidade das plantações de café. Isso pode levar a uma redução na qualidade e na produtividade dos grãos.
- O aquecimento global pode beneficiar a disseminação de pragas e doenças que afetam as plantações de café, o que pode reduzir a produtividade e a qualidade dos grãos.
- O aquecimento global também está afetando a disponibilidade de áreas adequadas para a produção de café. Isso pode levar a uma redução na produtividade e na qualidade dos grãos em regiões que anteriormente eram produtivas, ocasionando a perda de áreas produtivas.
Essas dificuldades podem ter impactos significativos nos produtores de café e na cadeia de suprimento global, impactando de forma direta o Brasil, principalmente a produção de café arábica.
Estudos indicam perdas
De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e dos institutos federais do Mato Grosso do Sul e do Sul de Minas, o país poderá perder mais de 50% das áreas propícias ao cultivo do grão até 2080, mesmo nos cenários mais otimistas.
Utilizando cinco cenários climáticos projetados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o estudo simulou alterações no regime de chuvas e na temperatura atmosférica para as próximas décadas. Nos cenários menos adversos, por exemplo, a área adequada para a cafeicultura sem irrigação poderá diminuir em mais de 50% até 2060. O cenário mais pessimista prevê um aumento contínuo das emissões de gases de efeito estufa. Isso pode resultar em um aumento de 4°C na temperatura média global até o final do século.
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Atualmente, 8,72% do território brasileiro são aptos para o cultivo de café arábica. Contudo, projeções indicam que essa área poderá ser drasticamente reduzida. No cenário mais otimista, a área adequada cairia para 3,7% entre 2041 e 2060, e para 5,4% entre 2061 e 2080. No cenário mais pessimista, a área cultivável poderia ser reduzida a zero até 2080.
Estados mais afetados
Os estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná, que são os maiores produtores de café do Brasil. E estão entre os mais vulneráveis às mudanças climáticas. Em São Paulo, por exemplo, metade das lavouras de café foi perdida nas últimas três décadas. Em 2024, a região Sudeste enfrentou quatro ondas de calor, afetando a produção e a qualidade do grão.
O engenheiro agrônomo Glauco de Souza Rolim, da Unesp, destacou para o Jornal da Unesp a importância de estratégias de adaptação para preservar a produção de café no Brasil. “O café é muito suscetível ao clima e pode apresentar produtividades altas ou baixas dependendo da temperatura do ar e das chuvas durante seu ciclo de produção”, afirmou Rolim. Ele enfatizou a necessidade de desenvolver métodos de irrigação e outras tecnologias para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
A produção de café é vital para a economia brasileira, representando 33% da produção mundial e 26% das exportações. A cadeia produtiva gera mais de 8 milhões de empregos e sustenta aproximadamente 287 mil cafeicultores, a maioria pequenos produtores. A redução das áreas cultiváveis terá sérios impactos econômicos e sociais, exigindo ações urgentes para garantir a sustentabilidade do setor.