O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciou nesta segunda-feira (23) em São Paulo um pacote de apoio aos produtores rurais afetados pelos recentes incêndios. A iniciativa será viabilizada por meio do Programa de Financiamento de Sistemas de Produção Agropecuária Sustentáveis (RenovAgro). O programa destina recursos para a recuperação de áreas degradadas.
Durante reunião com representantes de instituições financeiras, como Banco do Brasil, Caixa, BNDES, BNB, Basa, Sicredi, Sicoob e Bradesco, Fávaro informou que o presidente Lula autorizou o uso de verbas do RenovAgro para socorro emergencial aos produtores. Alguns bancos, como o Banco do Brasil, já disponibilizam essa linha de crédito, enquanto outras instituições deverão oferecê-la a partir de outubro.
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Um exemplo prático foi o produtor Manoel Benedito Rosa Filho, da região de Cáceres (MT). Ele assinou contrato para acessar essa linha de crédito durante o encontro. Sua propriedade foi gravemente afetada pelos incêndios, com 40% da área queimada.
O ministro destacou que o crédito do RenovAgro oferece condições vantajosas, com taxas de juros menores e prazos amplos para pagamento. Além disso, algumas instituições financeiras, que inicialmente planejavam liberar parte dos recursos no próximo ano, decidiram antecipar essa liberação para este ano, dada a urgência da situação.
A reunião também contou com a presença de Guilherme Campos, secretário de Política Agrícola, Wilson Vaz, secretário adjunto, e Fabio Paarmann, superintendente interino do Mapa em São Paulo.
Incêndios em canaviais causam prejuízo de R$ 1.2 bilhão
Os prejuízos causados pelas queimadas em canaviais no Estado de São Paulo podem superar R$ 1.2 bilhão. A Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) atualizou a estimativa de perdas nesta sexta-feira (13).
Entre 23 de agosto e 10 de setembro, a organização identificou mais de 3 mil focos de incêndio. O balanço revelou que as chamas destruíram mais de 181 mil hectares de cana-de-açúcar e áreas de rebrota no estado de São Paulo.
“A base de dados utilizada pela Orplana é a de um conjunto de satélites que fazem a verificação das áreas, inclusive com monitoramento de queimadas. Então, pela espectrofotometria é possível ver a diferença das áreas onde tinha cana e onde não tem e também o que aconteceu com a cana, se queimou, se mudou a coloração ou se manteve sem alteração, além da verificação a campo”, explica o CEO da organização, José Guilherme Nogueira.
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Além disso, Nogueira afirma que o produtor ainda está juntando os cacos para entender os próximos passos. “O custo de implantação na renovação de canavial é por volta de R$ 13,5 mil por hectare. E mesmo naquela rebrota que ainda continuar viável, que não precisar do replantio, pode ser que precise de manejo e nutrientes, em que os custos também impactarão. Isso porque, o colchão de palha que havia ali auxiliava contra plantas daninhas, na retenção de água e na matéria orgânica do solo”, explica. “Além disso, as rebrotas de cana de 3 e 4 meses viraram pó, causando um acúmulo de cinzas, que também precisará de manejo na área”, reforça.
Sem previsão dos impactos
Os impactos das queimadas em canaviais para a próxima safra são imprevistos. “A taxa de plantio, a área a ser disponibilizada para colheita no próximo ano e o cenário de clima seco, podem sim impactar a safra futura, mas ainda é muito cedo para qualquer previsão, pois vamos depender de como virão as chuvas e climas para os próximos meses”, conclui Nogueira.