A recente série de fraudes envolvendo azeites de oliva no Brasil revela um problema multifacetado, impulsionado por fatores econômicos e pela falta de fiscalização rigorosa. Um dos motivos pelo crime é o atual preço do produto, que graças a uma quebra da safra das oliveiras, está em falta no mercado.
Com isso, o produto está mais difícil de ser encontrado, e o preço, mais elevado. Como o consumidor continua querendo o azeite em suas compras, fica tentador para empresas sem preocupação com o cliente partir para a adulteração, principalmente utilizando marcas novas com nomes pomposos para chamar a atenção.
A tendência é que essa falta da matéria prima na Europa, principal produtor e consumidor do azeite, continue nos próximos anos, então a previsão de retorno aos preços em que o consumidor brasileiro está acostumado é muito quase nula.
Adulteração do azeite de oliva
A adulteração ocorre principalmente pela mistura do azeite com outros óleos vegetais mais baratos, como soja e girassol, sem informar ao consumidor. Essa prática visa reduzir os custos de produção e aumentar as margens de lucro, já que o azeite de oliva possui um valor elevado no mercado.
Segundo especialistas, a alta lucratividade associada ao azeite — e a percepção do consumidor de que é um produto premium — torna a prática tentadora para empresas desonestas. Muitas marcas recorrem a essa fraude para se manterem competitivas em um mercado saturado e marcado pela forte concorrência de produtos importados de baixo custo.
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Além disso, o controle ainda é considerado insuficiente, e a detecção de adulterações demanda tecnologia e análise criteriosa, algo que nem sempre é realizado com frequência ou de forma abrangente no país.
Outro fator que contribui é a ausência de uma cadeia de rastreabilidade bem estabelecida, o que facilita o comércio de produtos de origem duvidosa. Como resultado, consumidores correm o risco de adquirir um azeite que, na verdade, não possui as características nutricionais e de qualidade esperadas, o que afeta também a confiança no mercado como um todo.
Atuação da fiscalização
O Ministério da Agricultura tem intensificado as fiscalizações e aplicando medidas mais rígidas contra fraudes, interditando lotes e multando empresas envolvidas. Mas especialistas reforçam a importância de regulamentações mais rigorosas e de campanhas educativas para orientar os consumidores sobre como identificar produtos adulterados.
Neste ano, o Ministério da Agricultura proibiu a venda de diversas marcas de azeite de oliva devido a irregularidades e adulterações. Entre as marcas que tiveram seus produtos desclassificados estão: Málaga, Rio Negro, Quinta de Aveiro, Cordilheira, Serrano, Oviedo, Imperial, Ouro Negro, Carcavelos, Pérola Negra e La Ventosa. Essas marcas foram consideradas impróprias para consumo após análises que mostraram não conformidade com os padrões estabelecidos. Em algumas delas, a adulteração envolveu a mistura de outros óleos vegetais não identificados, um risco para a saúde do consumidor. Além disso, as empresas responsáveis estavam em situação irregular junto à Receita Federal, reforçando as suspeitas de fraude.
Para identificar um azeite adulterado, é importante ficar atento a alguns sinais:
- Preços muito baixos: desconfie se o valor for significativamente menor que o de outros azeites.
- Checar o registro: verifique se a empresa está registrada no Ministério da Agricultura.
- Evitar produtos a granel: azeites vendidos dessa forma tendem a ser mais vulneráveis a adulterações.
- Analisar a validade e os ingredientes: produtos de má qualidade podem apresentar dados inconsistentes.
- Escolher azeites com envase recente: quanto mais recente o envase, menor a chance de alterações ou deteriorações no produto.
Essas medidas ajudam a reduzir os riscos de adquirir um azeite fraudado e garantir a qualidade do produto. Caso você tenha comprado algum dos produtos citados, recomenda-se procurar o estabelecimento para uma substituição, conforme as diretrizes do Código de Defesa do Consumidor