A 30ª Fenasucro & Agrocana, realizada em Sertãozinho/SP, encerrou ontem (16) com debates sobre megatendências que fortalecem o protagonismo do Brasil na transição energética. Um dos destaques do evento foi o SAF (Combustível Sustentável de Aviação), um biocombustível com potencial para transformar o setor aéreo.
Biocombustível
O painel “Tecnologias em Biocombustíveis”, organizado pelo Instituto SENAI, abordou o SAF como uma solução crucial para reduzir as emissões de carbono na aviação. Primeiramente, Henrique Baudel, engenheiro químico e líder do Grupo Bioprocessos do Instituto, destacou que, apesar de estar em fase de desenvolvimento comercial, o SAF pode revolucionar a indústria aérea até 2030.
Baudel explicou que a transição para o SAF exige soluções tecnológicas e logísticas complexas, integrando biotecnologia e química, além de coordenar diversos setores da indústria. Além disso, ele ressaltou que, enquanto Europa e Estados Unidos avançam nessa área, o Brasil possui uma vantagem estratégica por ter grande capacidade de produção de etanol, matéria-prima essencial para o SAF.
Atualmente, o SAF representa entre 0,5% e 1% do combustível global, mas a previsão é que ele possa abastecer até 20% da frota mundial de aviões com combustível puro até 2030. Baudel afirma que a colaboração entre produtores e fabricantes é vista como fundamental para garantir um futuro mais sustentável na aviação.
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Descarbonização: Brasil rumo a uma mobilidade de baixo carbono
A descarbonização e a busca por uma mobilidade mais limpa e socialmente responsável também foram temas discutidos no painel “A Liderança Brasileira na Transição para uma Mobilidade de Baixo Carbono”. Orlando Merluzzi, gestor operacional do Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil (MBCB) conduziu o painel.
Merluzzi destacou que o MBCB é uma coalizão de esforços criada para responder à agenda global sobre mudanças climáticas, que exige novas soluções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Em resumo, o objetivo é evitar a desindustrialização do país, utilizando todas as rotas tecnológicas disponíveis.
Os participantes do painel também conheceram o Estudo “Trajetórias tecnológicas mais eficientes para a descarbonização da mobilidade”. O MBCB encomendou o estudo que foi realizado pela LCA Consultores e MTempo Capital. A análise prevê impactos econômicos positivos ao combinar biocombustíveis com veículos elétricos híbridos, em comparação com um cenário focado em veículos 100% elétricos.
Merluzzi enfatizou que o Brasil vive um momento propício para avançar. Isso porque tem com planos de investimento substanciais, apoio do governo, do Congresso Nacional e consenso técnico e científico.
A próxima edição da Fenasucro & Agrocana está marcada para ocorrer entre 12 e 15 de agosto de 2025, em Sertãozinho/SP.