A broca-da-cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis), conhecida também como broca-do-colmo, representa uma ameaça significativa à cultura do sorgo, além da cana-de-açúcar. Um estudo pioneiro realizado pela Embrapa Milho e Sorgo entre 2021 e 2023, em Sete Lagoas (MG), demonstrou que as perdas causadas por essa praga podem atingir até 50% da produção, dependendo do híbrido e do manejo adotado. Essa foi a primeira vez que a relação entre a infestação da broca e a produtividade de sorgo granífero foi quantificada, revelando o impacto significativo da praga na cultura.
Camila da Silva Fernandes Souza, doutoranda da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e uma das autoras do estudo, explica que a broca passa despercebida por muitos produtores por se desenvolver dentro do colmo da planta, dificultando sua identificação. “Muitas vezes, a broca é negligenciada porque seu dano é oculto, mas, dependendo do híbrido, as perdas podem chegar a 50%”, destaca a pesquisadora.
O estudo identificou que as perdas variam conforme o híbrido utilizado e as práticas de manejo adotadas. Híbridos mais tolerantes, como o sorgo BRS 373, apresentaram menor correlação entre a presença da broca e a redução da produção. Enquanto híbridos mais suscetíveis podem sofrer perdas de até 100% sem o uso de controle adequado.
“Os danos causados pela broca-da-cana-de-açúcar são muitas vezes ignorados pelos produtores, principalmente por estarem mais focados em pragas de maior visibilidade, como o pulgão-do-sorgo (Melanaphis sorghi)”, afirma Simone Martins Mendes, pesquisadora da Embrapa. Embora o pulgão tenha ganhado atenção nos últimos anos, com relatos de prejuízos econômicos desde a safra de 2018/2019, Mendes ressalta a importância de monitorar todas as pragas da lavoura, inclusive a broca, que pode causar danos expressivos quando não controlada.
Impactos na produtividade
Além dos impactos diretos na produtividade, o estudo também trouxe à tona a importância da adoção de inseticidas para o controle da broca. Quando aplicado corretamente, o uso de inseticidas não só aumenta a altura das plantas. Mas também diminui a formação de galerias causadas pela lagarta no colmo. Além disso, melhora o transporte de fotoassimilados e, consequentemente, o tamanho e peso das panículas.
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Um dos pontos mais importantes revelados pelo estudo foi a determinação do limiar de ganho e do nível de dano econômico causados pela praga. “Determinamos que é necessário adotar medidas de controle quando a infestação atinge 3% de intensidade. O que ajuda os produtores a planejar melhor suas estratégias de manejo”, pontua Souza. Esse limiar econômico leva em consideração o custo de aplicação de inseticidas e o preço de mercado dos grãos de sorgo.
Os resultados obtidos são de grande relevância para os produtores, pois permitem uma tomada de decisão mais assertiva no campo. Além disso, garante que o impacto da broca-da-cana-de-açúcar seja minimizado e a produtividade da cultura do sorgo seja preservada.