Cientistas da Embrapa e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram um método inovador para detectar a presença de fumonisinas em grãos de milho, utilizando imagens hiperespectrais de infravermelho próximo (NIR-HSI).
Essa técnica permite identificar e quantificar a micotoxina diretamente nos grãos, sem a necessidade de moagem ou reagentes químicos, o que não apenas reduz custos, mas também torna o processo mais sustentável.
As fumonisinas são micotoxinas produzidas por fungos do gênero Fusarium, que contaminam os grãos ainda no campo e não são eliminadas por processamento térmico. Consideradas uma das principais ameaças à produção de milho no Brasil, essas substâncias apresentam alta toxicidade e podem causar sérios problemas de saúde em humanos e animais.
Combinação de princípios
O novo método NIR-HSI combina princípios de química e agricultura de precisão para detectar essas micotoxinas invisíveis a olho nu. Além disso, segundo Maria Lúcia Simeone, pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, a técnica funciona com base na reflectância difusa, permitindo a visualização e localização das alterações químicas nos grãos. “Essa abordagem não destrutiva possibilita obter espectros distribuídos espacialmente, o que é crucial para a identificação precisa das fumonisinas”, explicou.
Diferente dos métodos tradicionais, que são caros e complexos, o NIR-HSI oferece uma análise rápida — em apenas 30 segundos — e sem danos aos grãos. A técnica não apenas melhora a eficiência na detecção de contaminações, mas também ajuda a prevenir infecções cruzadas durante o armazenamento do milho.
Benefícios
Os benefícios dessa inovação são significativos para toda a cadeia produtiva do milho. Além da rapidez na detecção, a técnica reduz custos operacionais e permite que as amostras sejam utilizadas posteriormente. Renata Pereira da Conceição, pós-graduanda da UFMG, destacou que essa metodologia pode transformar o controle das fumonisinas, garantindo maior qualidade e segurança alimentar.
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A pesquisa foi publicada na revista Brazilian Journal of Biology e representa um avanço importante na segurança alimentar no Brasil. Valéria Aparecida Vieira Queiroz, também pesquisadora da Embrapa, afirmou que essa tecnologia pode reduzir perdas na produção e garantir alimentos mais seguros para a população.
Everaldo Medeiros, pesquisador da Embrapa Algodão, reforçou que a técnica gera uma “imagem química do objeto”, permitindo aplicações inovadoras na agricultura. “Os resultados demonstraram que podemos detectar e quantificar as micotoxinas de forma automática com maior sensibilidade do que as técnicas atualmente utilizadas”, concluiu.