O governo federal vai investir até R$ 261 milhões na compra de trigo de produtores do Rio Grande do Sul. Ou seja, a medida, executada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), busca formar estoques públicos por meio da Aquisição do Governo Federal (AGF). Os recursos já foram liberados para mitigar os impactos da crise climática no Estado.
A Conab pretende adquirir até 200 mil toneladas de trigo tipo 1, destinado ao consumo humano, como a produção de pães. O preço de mercado no Estado, atualmente em R$ 67 por saca de 60 quilos, está abaixo do mínimo estabelecido pelo governo, de R$ 78,51. “O Rio Grande do Sul é prioridade, mas estamos monitorando outros Estados”, afirmou o presidente da Conab, Edegar Pretto, durante coletiva de imprensa.
Limite de vendas e início das operações
As operações devem começar na próxima semana. Cada produtor poderá vender entre 2 mil e 3 mil sacas para a estatal. Após o anúncio das condições, os agricultores poderão entregar o trigo em armazéns credenciados. A Conab avaliará a qualidade do cereal e pagará o preço mínimo da safra. No entanto, deságios poderão ser aplicados caso o produto apresente perda de qualidade.
Objetivo estratégico e impacto no mercado
O diretor de Política Agrícola da Conab, Sílvio Porto, destacou que a operação busca estabilizar o mercado interno. O governo vai usar os estoques durante a entressafra de 2025 para reduzir a necessidade de importações. “Embora o volume seja pequeno, é fundamental para retomarmos a formação de estoques públicos”, explicou Porto.
A expectativa é que o anúncio provoque uma reação nos preços. “Se os valores subirem, os produtores podem até reduzir as ofertas de venda. No entanto, o governo está pronto para atuar caso seja necessário”, completou Porto.
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Contexto da safra e qualidade do trigo
As chuvas prejudicaram a safra do Rio Grande do Sul, que responde por 51% da produção nacional. Apesar disso, a estimativa é colher 4,1 milhões de toneladas, com 60% do cereal classificado como trigo tipo pão. Em contraste, no Paraná, segundo maior produtor, a colheita ocorre em melhores condições, mantendo o preço acima do mínimo.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, ressaltou a importância da medida para a economia local. “Ela beneficia não apenas os diretamente afetados pelas chuvas, mas também toda a cadeia produtiva do Estado”, afirmou.
Histórico de ações da Conab
A AGF fez a última operação para trigo em 2014. No ano passado, a Conab utilizou mecanismos como Pep e Pepro para escoar 479 mil toneladas de trigo, com custo de R$ 255,7 milhões.
A nova operação reforça o compromisso do governo em garantir o abastecimento interno e apoiar os produtores diante de adversidades climáticas.