A produção de lagostas no Brasil é uma atividade de grande relevância, especialmente para as comunidades costeiras do Nordeste. O país, com sua extensa costa atlântica, é um dos principais produtores mundiais desse crustáceo, conhecido por sua alta qualidade e demanda no mercado internacional.
A pesca de lagosta se concentra principalmente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco, que abrigam as maiores áreas de captura e processamento.
Tradicionalmente, a pesca de lagostas no Brasil é feita com armadilhas conhecidas como “manzuás” e “covo”. Embora rudimentares, são eficazes para capturar as espécies Lagosta Vermelha (Panulirus argus) e Lagosta Verde (Panulirus laevicauda). No entanto, a pesca ilegal com compressores, que danifica os recifes de corais e afeta a reprodução das lagostas, continua sendo um desafio enfrentado pelas autoridades e comunidades pesqueiras.
Sustentabilidade
Nos últimos anos, houve um aumento nos esforços para promover a pesca sustentável e proteger os estoques de lagosta. O governo brasileiro, por meio de regulamentações, implementa períodos de defeso (interdição da pesca durante a época de reprodução) e estabelece tamanhos mínimos para captura, visando garantir a renovação dos estoques e a preservação do ecossistema marinho.
A lagosta brasileira é altamente valorizada nos mercados internacionais, com os Estados Unidos e a Europa como os principais destinos das exportações. A alta demanda impulsiona a economia local e gera empregos em diversas etapas da cadeia produtiva, desde a captura até o processamento e a logística. A exportação da lagosta é uma das principais fontes de renda para pescadores artesanais e empresários do setor pesqueiro.
Pesca da lagosta na costa brasileira tem um limite máximo de captura definido
A portaria interministerial, do Meio Ambiente e da Pesca, define em 6.192 toneladas a soma das capturas de lagosta-vermelha e lagosta-verde na temporada de pesca 2024. A decisão foi a partir de recomendações científicas, avaliações da população desses animais, além de consultas aos pescadores, pesquisadores, empresários e organizações da sociedade civil.
Segundo a ONG Oceana, a população de lagostas reduziu mais de 80% desde a década de 1950, início da pescaria em Pernambuco e no Ceará.
A estimativa é de que mais de cem mil pessoas dependam direta ou indiretamente da pescaria, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, adotar um limite de captura, e de comprimento mínimo dos animais pescados, ajuda a recuperar a população das duas espécies. Isso acaba trazendo ganhos de longo prazo pelo aumento da renda futura, além de tornar a pesca da lagosta sustentável.
Para fazer o controle, agora, as empresas pesqueiras deverão informar a entrada do produto no site do Ministério do Meio Ambiente, em 3 dias, a partir da nota fiscal de primeira venda, da nota de produtor ou de entrada na empresa. Um painel de acompanhamento do limite máximo de captura fica disponível no site do Ministério da Pesca.
Nesta temporada, também fica proibida a retenção a bordo de fêmeas prontas para reprodução e é obrigatório que os animais estejam vivos até serem entregues às empresas pesqueiras.
Abertura de mercado em Singapura para exportação de lagostas vivas do Brasil
O governo brasileiro informou essa semana que Singapura liberou a aprovação sanitária para que o Brasil exporte lagostas vivas àquele país.
A autorização soma-se à abertura, em fevereiro deste ano, do mercado singapurense para carnes e produtos derivados de ovinos e extrato de carne bovina. Nos nove primeiros meses de 2024, o país já importou aproximadamente US$ 540 milhões em produtos agrícolas do Brasil.
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Com essa nova autorização, o agronegócio brasileiro alcança sua 195ª abertura de mercado neste ano, totalizando 273 aberturas em 61 destinos desde o início de 2023.
Desafios e Perspectivas
A produção enfrenta desafios significativos, incluindo a necessidade de combater a pesca predatória. E assegurar o cumprimento das normas de sustentabilidade, modernizando as práticas de pesca. Questões climáticas, como o aumento da temperatura dos oceanos e a degradação dos recifes, também representam ameaças à reprodução e sobrevivência das lagostas.
Investimentos em aquicultura de lagostas vêm ganhando espaço como uma possível solução para diminuir a pressão sobre os estoques naturais. Projetos de cultivo controlado estão sendo desenvolvidos em algumas regiões, visando replicar as condições do habitat natural e garantir uma produção sustentável a longo prazo.
A pesca de lagostas no Brasil é uma atividade de destaque que combina tradição, importância econômica e desafios ambientais. O futuro da produção depende de uma gestão equilibrada que promova a sustentabilidade, proteja os recursos naturais e assegure o desenvolvimento das comunidades pesqueiras.
Com medidas de conservação adequadas e o fortalecimento da fiscalização, o Brasil tem potencial para manter sua posição de destaque no mercado global e garantir a preservação do ecossistema marinho.