Recentemente, um estudo da Embrapa identificou áreas do Brasil vulneráveis a três novas pragas quarentenárias: Anastrepha curvicauda, Bactrocera dorsalis e Lobesia botrana. Embora essas pragas ainda não tenham sido registradas no país, elas já estão presentes em países vizinhos. Podendo representar uma ameaça significativa para a fruticultura brasileira. E também ao bolso do consumidor, pois podem impactar diretamente o preço das frutas no supermercado.
Essas pragas afetam as plantações de diversas frutas, como mamão, manga, uva, maçã, entre outras. Quando uma praga se instala em uma área de cultivo, ela pode destruir uma parte significativa da produção, o que leva a uma menor oferta dessas frutas no mercado. Com menos frutas disponíveis, os preços tendem a subir, prejudicando o bolso do consumidor.
Principais pragas e seus efeitos
A praga Lobesia botrana pode afetar culturas como uva, ameixa e pêssego, com 561 municípios em risco de infecção. Ela tem potencial para reduzir a produção de vinho e sucos, encarecendo esses produtos. A Anastrepha curvicauda é uma preocupação para os cultivos de mamão e manga, impactando 721 municípios.
Já a Bactrocera dorsalis, que afeta uma ampla gama de frutas, incluindo abacate, banana e laranja, representa um risco para 1.940 municípios. Ela já causou grandes danos em outros países e, se chegar ao Brasil, pode fazer o preço dessas frutas disparar.
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Essas pragas podem causar danos significativos às plantações, resultando em perdas de produção. Com menos frutas disponíveis no mercado, a tendência é que os preços aumentem, afetando diretamente o bolso do consumidor. Quando a oferta de frutas diminui, os preços sobem, tornando produtos como morangos, laranjas e bananas mais caros nas prateleiras dos supermercados.
Mapeamento e prevenção
A pesquisadora Jeanne Scardini Marinho Prado, da Embrapa, explica que o mapeamento das áreas de risco ajuda a identificar onde as pragas podem surgir. Embora o estudo tenha focado nas áreas mais vulneráveis, é importante lembrar que essas pragas podem aparecer em outras regiões do Brasil.
A Embrapa também está trabalhando em estratégias de controle. Uma delas é a identificação de inimigos naturais que podem ser usados para combater essas pragas. Além da avaliação de produtos químicos que não afetem zonas sensíveis.
A pesquisadora da Embrapa Jeanne Marinho Prado ressalta que a equipe selecionou pelo menos um inimigo natural para cada praga estudada, a partir de um levantamento bibliográfico, priorizando espécies já relatadas no Brasil para uma resposta mais rápida em caso de entrada das pragas no território nacional. “Foram realizados zoneamentos de áreas favoráveis com base nessas informações, tanto para as pragas quanto para os bioagentes, permitindo a combinação de dados e a orientação do manejo integrado de pragas, com vistas a minimizar o uso de agrotóxicos, em caso de necessidade, e reduzir os impactos ambientais”, relata.
Prevenção
Todos os resultados e informações foram compilados em relatórios detalhados para a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), visando subsidiar políticas públicas oficiais e regulamentações para o controle fitossanitário das pragas. “A identificação de potenciais agrotóxicos e agentes de controle biológico são fundamentais para que, no caso de ingresso das pragas em território nacional, possam ser realizadas medidas como a liberação emergencial de registro de produtos agrotóxicos e de controle biológico para fins de controle dos insetos. Existindo um referencial teórico sobre o assunto, facilita-se a tomada de decisão do gestor para fins de liberação de produtos mais efetivos e que não ponham em risco áreas vulneráveis”, diz José Victor Alves Costa, coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins (CGAA/SDA) do Mapa.
A equipe responsável pelo trabalho contou com a participação de diversas unidades da Embrapa: Meio Ambiente, Amapá, Semiárido, e Territorial, além de fiscais federais do Mapa.
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Além disso, é importante que todos fiquem atentos e evitem trazer plantas ou sementes de outros países sem autorização, pois isso pode introduzir novas pragas no Brasil e agravar ainda mais o problema.
As novas pragas identificadas podem impactar não apenas a produção de frutas, mas também os preços que os consumidores pagam. Com a diminuição da oferta, os preços tendem a subir, tornando as frutas menos acessíveis. A prevenção e o controle dessas pragas são essenciais para garantir a saúde das plantações e a estabilidade dos preços no mercado.