Cientistas modificam geneticamente planta similar ao tabaco para produzir nutrientes do leite materno. Os Pesquisadores da Universidade da Califórnia, Berkeley, desenvolveram uma técnica revolucionária para produzir oligossacarídeos do leite humano (HMOs) – nutrientes essenciais encontrados no leite materno – usando uma planta geneticamente modificada.
Esse avanço pode levar a fórmulas infantis mais nutritivas e acessíveis, aproximando-as ainda mais dos benefícios do aleitamento materno. “Imagine ser capaz de produzir todos os oligossacarídeos do leite humano em uma única planta. Então, você poderia simplesmente moer essa planta, extrair todos os oligossacarídeos simultaneamente e adicionar isso diretamente na fórmula infantil,” explicou o Dr. Patrick Shih, biólogo vegetal e microbiano que liderou o estudo, em entrevista para o The Guardian.
Shih, ainda completou, “haveria muitos desafios na implementação e comercialização, mas esse é o grande objetivo que estamos tentando alcançar.”
Leite materno
O leite materno contém cerca de 200 diferentes HMOs, sendo o terceiro componente sólido mais abundante. Embora indigeríveis para o bebê, os HMOs servem como alimento crucial para as bactérias intestinais benéficas nas primeiras semanas de vida. Ao promover uma microbiota saudável, os HMOs estão associados a um menor risco de infecções virais e bacterianas, além de potenciais outros benefícios à saúde.
Atualmente, apenas um pequeno número de HMOs pode ser sintetizado usando bactérias E. coli geneticamente modificadas, um método desafiador e custoso. Algumas das principais marcas de fórmulas infantis estão começando a incluir esses HMOs em seus produtos, mas a complexidade e o custo do processo limitaram sua adoção generalizada.
No estudo publicado na tradicional revista científica Nature Food, os cientistas reprogramaram a maquinaria de produção de açúcar da planta Nicotiana benthamiana, um parente próximo do tabaco. Eles inseriram genes projetados para produzir enzimas específicas necessárias para montar açúcares básicos em uma variedade de HMOs.
Plantas modificadas
As plantas geneticamente modificadas produziram 11 HMOs conhecidos, incluindo o LNFP1, associado a menos infecções em bebês, mas que não pode ser produzido eficientemente por métodos de fermentação microbiana.
“Produzimos todos os três principais grupos de oligossacarídeos do leite humano,” afirmou Shih. “Até onde sei, ninguém nunca demonstrou que você poderia fazer todos os três grupos simultaneamente em um único organismo.”
Essa tecnologia inovadora abre caminho para fórmulas infantis do leite materno mais saudáveis e acessíveis, além de leites vegetais não lácteos mais nutritivos para adultos. Shih e sua equipe acreditam que essa abordagem baseada em plantas pode revolucionar a nutrição infantil e adulta no futuro próximo.