No 170º aniversário da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o presidente da entidade, José Martins, elogiou as recentes medidas do governo Javier Milei voltadas ao setor agropecuário. Entre elas, a redução das retenções em produtos como carnes. Martins destacou que, embora avanços tenham sido feitos, ainda há desafios a serem superados, especialmente em relação à necessidade de uma política de longo prazo que traga previsibilidade ao setor. Ele sublinhou a importância de criar um ambiente com regras claras e um marco tributário competitivo, similar ao de países vizinhos.
“Ainda não conseguimos a coesão setorial e a capacidade de convencer a política sobre a importância de liberar o desenvolvimento da agroindústria, gerando uma política de longo prazo, sustentável ao longo do tempo, que ofereça previsibilidade e regras claras. Este setor não precisa de subsídios nem privilégios, apenas de um marco tributário razoável, equiparável ao de países vizinhos e concorrentes internacionais. Fomos criticados quando propusemos – entre outras coisas – uma redução gradual da carga tributária, especialmente dos perversos direitos de exportação”, afirmou Martins.
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O presidente da Bolsa também relembrou as promessas feitas por Javier Milei durante a campanha eleitoral. Assim como, mencionou que, embora a eliminação imediata das retenções fosse inviável, a entidade manteve uma postura responsável ao propor um plano sustentável. “Sabíamos que as promessas de eliminação imediata desse imposto eram inviáveis e fomos responsáveis ao sustentar uma proposta sustentável, olhando além do setor que representamos, privilegiando o bem comum do país que queremos”, pontuou.
Redução gradual das retenções
Martins comentou ainda sobre o plano de redução gradual das retenções apresentado pelo Conselho Agroindustrial Argentino (CAA) no ano passado. O projeto, acompanhado de um estudo de impacto, destaca o potencial de crescimento das exportações, da produção primária, da industrialização. Além disso, impulsiona as economias regionais, gera novas fontes de trabalho, aumenta o ingresso de divisas e a arrecadação fiscal.
O presidente da Bolsa de Cereais também abordou o conflito no Porto de Quequén, onde o governo de Buenos Aires, liderado por Axel Kicillof, busca controlar 30% do terminal após o fim de uma concessão. “Nossa Bolsa de Cereais, junto a entidades de produtores, câmaras, entidades comerciais e empresas de primeira linha do setor exportador, faz parte dessa empresa que tem administrado os destinos do elevador, ex-JNG, privatizado durante a gestão do presidente Carlos Menem. Durante todo o período da concessão (30 anos), operamos de maneira eficiente, preservando e melhorando o patrimônio, cumprindo as normas fiscais”, disse Martins.
Ele ressaltou, além disso, que há mais de quatro anos, a Bolsa ofereceu investimentos de cerca de US$ 25 milhões para modernizar e tornar a operação do porto mais eficiente, em troca da extensão da concessão. No entanto, até o momento, segundo Martins, as promessas feitas pelas autoridades locais não foram cumpridas. Portanto o processo licitatório ainda não foi concretizado.
Balanço da gestão
Por fim, Martins fez um balanço de sua gestão, relembrando o contexto político e econômico em que assumiu a presidência da entidade. Ou seja, ele ressaltou as mudanças implementadas e os desafios enfrentados, especialmente durante a pandemia. Como este foi seu último aniversário à frente da Bolsa, ele agradeceu a todos que o apoiaram ao longo dos anos. Em conclusão destacou a lealdade, honestidade e a vontade inquebrantável de sempre buscar o melhor para a instituição.