O governo do Paraná prorrogou por 180 dias a emergência fitossanitária no estado para intensificar o combate ao greening, uma das principais pragas que afetam a citricultura no mundo. A medida busca dar maior mobilidade e agilidade às ações de controle da doença, que vem se agravando nos últimos anos.
Desde que as ações de combate se iniciaram, há cerca de dois anos, o governo erradicou quase 280 mil plantas cítricas e ornamentais nas regiões Noroeste e Norte do estado.
As boas práticas recomendadas contra a doença incluem a erradicação de plantas doentes e o plantio de mudas sadias de viveiros registrados. Além disso, o controle eficiente do inseto vetor (psilídeo Diaphorina citri) com produtos biológicos e químicos também é recomendado.
Decreto fitossanitário
“Em primeiro lugar, o decreto de emergência fitossanitária é um instrumento forte e necessário, desejado por toda a cadeia da citricultura. Isso possibilita medidas efetivas para controlar o problema e garantir a continuidade da citricultura, importante para a economia e sociedade do Paraná,” afirmou o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Natalino Avance de Souza.
Um balanço das ações foi apresentado na última semana durante reunião da Câmara Técnica de Citricultura em Paranavaí, em complemento ao decreto de emergência fitossanitária. “Buscamos reforçar o envolvimento dos técnicos de empresas públicas e privadas. O objetivo é garantir que a atuação política respalde e fortaleça o trabalho realizado,” disse a citricultora e engenheira agrônoma Marlene Calzavara.
Um grupo de trabalho foi criado para tratar do greening, detectado no Brasil recentemente. Com o recrudescimento da doença a partir de 2022, a discussão foi intensificada e o grupo transformado na Câmara Técnica da Citricultura em 2023. “Antes, o índice de contaminação era de 1%, aceitável, mas subiu para 10% e, em alguns casos, até 20% da propriedade,” salientou Marlene.
Operação Big Citrus
A operação envolveu conscientização, fiscalização e reforço nas medidas de prevenção e controle do greening. 40 servidores atuaram em 24 municípios dos núcleos de Apucarana, Cornélio Procópio, Ivaiporã, Londrina, Maringá, Paranavaí e Umuarama.
Desde então, a equipe de fiscalização realizou 409 inspeções em propriedades comerciais de citros, 376 em áreas não comerciais e duas em viveiros clandestinos.
Além disso, eles aplicaram mais de 200 notificações para que os proprietários erradicassem as plantas sintomáticas ou apresentassem um plano de manejo para controlar o HLB (Huanglongbing) e o inseto vetor.
“O setor público reforça a importância de o setor privado contribuir integralmente para seu próprio sucesso,” afirmou Paulo Marques, chefe da Divisão de Sanidade da Fruticultura da Adapar. Ele também destacou o trabalho do setor público contra o comércio irregular de mudas cítricas, que fomenta a implantação de pomares sem acompanhamento técnico, arriscando toda a atividade. O setor público também emitiu 20 autos de infração.
O greening
O greening é uma praga grave que afeta severamente a citricultura devido à sua rápida disseminação e dificuldades de controle. A bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus (CLas) é o principal agente causal da doença, no Brasil e ataca diversas espécies cítricas. A transmissão acontece pelo psilídeo asiático dos citros Diaphorina citri Kuwayama.
A praga causa queda prematura dos frutos, reduzindo a produção e podendo levar à morte precoce das plantas.
Por exemplo, os frutos ficam menores, deformados, com sementes abortadas, açúcares reduzidos e acidez elevada, depreciando o sabor e o valor comercial, tanto para consumo in natura quanto para processamento industrial.
Renato Rezende Young Blood, chefe do Departamento de Sanidade Vegetal da Adapar, explicou que o greening atinge com mais intensidade os primeiros 50 metros dos pomares. “As pequenas propriedades são mais afetadas, pois têm mais borda proporcional às suas áreas,” disse ele. “Por isso, é importante um bom trabalho de controle nas bordaduras, onde a Adapar age com mais efetividade.”
Atualmente, além da proibição de mudas de viveiros irregulares, o uso de quebra-ventos, adensamento do plantio, adubação, irrigação de qualidade e cobertura vegetal ajudam no desenvolvimento rápido da planta. Isso reduz a exposição ao inseto, pois a transmissão é mais comum em brotos.
Controle biológico
A Tamarixia radiata, uma vespa parasitoide criada em laboratório, é um inimigo biológico eficaz no controle do psilídeo dos citros. Desde 2016, mais de 10 milhões de vespas foram liberadas no Paraná em áreas marginais a aproximadamente 60 municípios com propriedades citrícolas comerciais.
No campo, as vespas procuram os ninhos da Diaphorina citri para se reproduzir, depositando ovos embaixo das ninfas, que servirão de alimento para as larvas. Ou seja, cada vespa pode eliminar até 500 psilídeos, reduzindo significativamente o número de vetores e, consequentemente, a incidência da doença do greening.
A liberação de T. radiata no entorno dos pomares pulverizados é um importante aliado no controle da doença em áreas abandonadas, sítios e residências com árvores cítricas no quintal ou com as plantas ornamentais. Portanto é importante eliminar tambpem vetores de transmissão comuns em áreas públicas e cemitérios, que também são focos de psilídeos.