De acordo com o 11º Levantamento da Safra de Grãos divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de grãos deverá chegar a 298,6 milhões de toneladas na safra 2023/2024. Esse volume representa uma redução de 21,2 milhões de toneladas em comparação com a safra anterior, influenciada principalmente pela queda na produtividade média das lavouras devido às adversidades climáticas.
Destaques por cultura
- Milho segunda safra: produção estimada em 90,28 milhões de toneladas, com colheita avançada e acima de 90% da área cultivada. Produtividades variaram conforme época de plantio e pacote tecnológico utilizado.
- Algodão: previsão de novo recorde de produção, estimada em 3,64 milhões de toneladas de algodão em pluma, devido ao aumento da área e melhores condições climáticas.
- Feijão: produção total estimada em 3,26 milhões de toneladas, 7,3% superior a 2022/23. Segunda safra com potencial reduzido por doenças, mosca-branca e falta de chuvas.
- Arroz: produção de 10,59 milhões de toneladas, aumento de 5,6% devido à maior área cultivada, apesar da produtividade prejudicada pelas adversidades climáticas.
- Soja: produção de 147,38 milhões de toneladas, redução de 4,7% em relação ao ciclo anterior, devido aos baixos índices pluviométricos e altas temperaturas em áreas semeadas entre setembro e outubro.
Mercado e exportações
A Conab manteve estáveis as projeções do quadro de suprimentos para a safra 2023/2024, com exceção do milho, cuja estimativa de exportação foi aumentada em 2,5 milhões de toneladas devido à recente desvalorização do real.
As exportações de arroz também podem ser afetadas pela questão cambial, com volume embarcado chegando a 175 mil toneladas em julho, contra 62 mil em junho. Porém, a menor disponibilidade interna do grão deve limitar as exportações até a safra 2024/2025.
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O 11º Levantamento da Safra de Grãos 2023/2024 da Conab aponta para uma redução na produção total, com variações entre as culturas. Mas mantém projeções estáveis para o mercado, com destaque para o aumento nas exportações de milho.
Impacto na alimentação
A redução na safra agrícola no Brasil está impactando diretamente o bolso dos consumidores, com o aumento dos preços dos alimentos em todo o país. Com a menor oferta de produtos como arroz, feijão, milho, frutas e legumes, os preços desses itens básicos têm subido. E isso pressiona o orçamento das famílias, especialmente as de baixa renda.
Esse aumento nos preços dos alimentos é um dos principais fatores que contribuem para a inflação, afetando o custo de vida. Com a inflação em alta, o poder de compra dos brasileiros diminui, resultando em uma capacidade menor de adquirir produtos e serviços com a mesma renda.
Além do impacto direto no consumidor, a queda na safra também afeta a cadeia produtiva do agronegócio. E influencia setores como transporte, logística e a indústria de alimentos. Isso pode levar a demissões e menos investimentos, agravando ainda mais a situação econômica.
Para tentar contornar a escassez de alimentos, o Brasil pode ser obrigado a aumentar as importações. O que também encarece os preços, dependendo da cotação do dólar e das condições do mercado internacional. A combinação desses fatores pode resultar em uma maior instabilidade econômica, com efeitos mais severos para as famílias mais vulneráveis.