A China anunciou a abertura de uma investigação sobre as importações de carne bovina, abrangendo o período de 1º de janeiro de 2019 até o primeiro semestre de 2024. A apuração, solicitada por produtores locais que alegam que o aumento das importações prejudicou a indústria doméstica, deve durar cerca de oito meses. O governo brasileiro, ciente da situação, está mobilizando uma força-tarefa para apresentar uma manifestação formal ao Ministério do Comércio da China.
A investigação foi formalmente anunciada no dia 27 de dezembro e inclui todos os países exportadores de carne bovina para a China, com destaque para o Brasil, que é o principal fornecedor. Em 2024, as exportações brasileiras para o país asiático superaram 1 milhão de toneladas, representando um aumento de 12,7% em relação ao ano anterior. Atualmente, a China responde por aproximadamente 40% das exportações brasileiras de carne bovina.
O Ministério da Agricultura do Brasil afirmou que não há medidas preliminares sendo adotadas neste momento e que a tarifa vigente de 12% sobre as importações permanece inalterada. O governo brasileiro se comprometeu a demonstrar que a carne bovina brasileira não causa prejuízos à indústria chinesa e é um importante complemento à produção local.
Implicações potenciais
Caso a investigação resulte em restrições às importações brasileiras, as consequências podem ser severas para o setor agropecuário do Brasil. A imposição de tarifas mais altas ou cotas limitando as quantidades exportadas poderia impactar diretamente a receita dos produtores brasileiros. Em 2023, as exportações totais de carne bovina do Brasil atingiram patamares recordes, com receitas superando US$ 12 bilhões.
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O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), Roberto Perosa, expressou preocupação com a possibilidade de medidas protecionistas por parte da China. “Qualquer restrição pode afetar não apenas os frigoríficos brasileiros, mas também a economia local e os empregos gerados pelo setor”, alertou.
Reação do setor
Os produtores brasileiros estão atentos ao desenrolar da investigação e buscam formas de mitigar os impactos potenciais. A ABIEC e outros órgãos do governo estão trabalhando em conjunto para apresentar dados que comprovem a segurança e a qualidade da carne brasileira, além de sua importância no abastecimento do mercado chinês.
Historicamente, investigações similares em outros setores resultaram em tarifas antidumping e restrições comerciais. Em 2020, por exemplo, a China impôs tarifas sobre a cevada australiana após investigações semelhantes.
A investigação da China sobre as importações de carne bovina representa um desafio significativo para o Brasil. Com o país asiático sendo o maior comprador da carne brasileira, qualquer medida restritiva pode ter repercussões profundas na economia do agronegócio nacional. O governo brasileiro e os setores envolvidos estão se mobilizando para garantir que as relações comerciais permaneçam sólidas e benéficas para ambas as partes enquanto aguardam os resultados dessa investigação crucial.