Um estudo realizado pela Embrapa revela que a produção de Bacillus thuringiensis (Bt) em biofábricas é viável econômica e financeiramente. O microrganismo, utilizado como base para bioinseticidas, desempenha um papel crucial no controle de pragas agrícolas, como lagartas que atacam culturas como milho, soja e algodão. O plano de negócios estima que um investimento inicial de R$ 2,1 milhões possa gerar um faturamento anual de R$ 18 milhões.
A Bacillus thuringiensis é uma bactéria em formato de bastonete que forma esporos e cristais com alta atividade tóxica contra insetos, especialmente lepidópteros. Segundo Fernando Hercos Valicente, pesquisador da Embrapa, o controle dessas pragas evita perdas significativas na produção agrícola.
“Esses bioinseticidas são uma alternativa mais sustentável, sem riscos ao meio ambiente ou à saúde humana e animal”, destaca Maria Marta Pastina, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Milho e Sorgo.
Estrutura e projeções financeiras das biofábricas
O estudo considerou uma biofábrica com 120 m², capaz de produzir 1.000 litros de bioinseticida por dia, totalizando 15 mil litros mensais. Com preço médio de mercado de R$ 120 por litro, o modelo de negócios propõe uma oferta a R$ 100 por litro, viabilizando uma receita anual de R$ 18 milhões.
A análise financeira apontou um Valor Presente Líquido (VPL) superior a R$ 5 milhões, uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 18% e um retorno sobre o investimento (ROI) de 1,64. O prazo para recuperação do investimento (payback) é de apenas seis meses, confirmando a atratividade do projeto.
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A produção de Bt exige rigoroso controle de qualidade para garantir a eficiência dos bioinseticidas. A Embrapa oferece suporte técnico e inteligência competitiva para assegurar a confiabilidade do processo.
O projeto também contribui para a bioeconomia brasileira, promovendo o uso de insumos biológicos de alta qualidade. “Além de reduzir o impacto ambiental, essa iniciativa gera novas oportunidades de emprego e empreendedorismo no setor agrícola”, explica Pastina.
Rede de biofábricas e expansão nacional
Como parte do projeto Rede de Biofábricas, a Embrapa busca parceiros empreendedores interessados em instalar novas unidades de produção no Brasil. A proposta inclui desenvolvimento de protocolos de produção e capacitação de profissionais para ampliar o uso de bioinsumos no país.
“Estamos investindo no fortalecimento de uma agricultura mais sustentável, com insumos biológicos que promovem benefícios econômicos e ambientais”, afirma Pastina.
Com uma área plantada de cerca de 67 milhões de hectares de milho e soja no Brasil, o uso de bioinseticidas representa uma solução eficaz para o controle de pragas. A Embrapa Milho e Sorgo mantém uma coleção de microrganismos com 11 mil acessos. Isso incluindo Bacillus thuringiensis, para apoiar o desenvolvimento de tecnologias voltadas à sustentabilidade agrícola.
A iniciativa reforça o compromisso da Embrapa em impulsionar a bioeconomia e posicionar o Brasil como líder em soluções biológicas no setor agrícola.