Uma colaboração internacional liderada pelo Ocean Census (Censo do Oceano) anunciou a descoberta de 866 novas espécies marinhas em expedições recentes, incluindo um tubarão híbrido, caramujos predadores com “arpões” tóxicos e estrelas-do-mar em fontes hidrotermais do Ártico. O projeto, fundado em 2023 pela Nippon Foundation e pela Nekton, mobilizou 400 instituições e 93 cientistas para acelerar o mapeamento da vida marinha — hoje estimada em 90% ainda desconhecida.
Expedições em águas profundas revelam espécies raras
Com mergulhadores, robôs submarinos e submersíveis capazes de atingir 5.000 metros de profundidade, as missões exploraram regiões como a costa da África, o Pacífico Sul e o Ártico. Entre os achados mais impressionantes estão:
- Tubarão-guitarra (Rhinobatos): Encontrado a 200m de profundidade na África, combina traços de tubarões e raias. Duas em cada três espécies da família estão ameaçadas de extinção.
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Reprodução: the Nippon Foundation /Nekton Ocean Census - Caracol assassino (Turridrupa sp): Descoberto no Pacífico Sul, usa “arpões” venenosos para caçar presas em águas profundas.
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Reprodução: the Nippon Foundation /Nekton Ocean Census - Estrela-do-mar do Ártico (Tylaster sp.): Vive a quase 3.500m de profundidade em fontes hidrotermais próximas à Groenlândia.
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Reprodução: the Nippon Foundation /Nekton Ocean Census
Por que a descoberta de espécies importa?
Segundo a Dra. Michelle Taylor, líder do Ocean Census, “o oceano cobre 71% do planeta, mas conhecemos apenas 10% de sua biodiversidade”. A lentidão na catalogação — que pode levar 13,5 anos — preocupa: muitas espécies podem desaparecer antes de serem registradas.
Em 2023, a ONU aprovou um tratado para proteger a vida marinha em alto-mar, enquanto mais de 100 países, incluindo os EUA, prometeram preservar 30% dos oceanos até 2030. Para Dave Ebert, do Pacific Shark Research Institute, cada nova espécie descoberta é “uma chance de criar estratégias de conservação antes que seja tarde”.
O diretor do Ocean Census, Oliver Steeds, destacou que o projeto já realizou 10 expedições globais e oito workshops para treinar cientistas. A meta é usar dados coletados para pressionar por políticas de preservação, especialmente em áreas ainda inexploradas, como o fundo do mar.
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