A Casa Apis, Central de Cooperativas Apícolas do Semi-Árido Brasileiro, informou que cerca de 95 toneladas de mel orgânico produzido no Piauí estão retidas no Porto do Pecém, no Ceará. A suspensão da exportação ocorreu após o anúncio dos Estados Unidos de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. E que passa a valer em 1º de agosto.
Clientes norte-americanos pediram às cooperativas que interrompessem o envio do mel. Eles temem que o produto chegue aos portos dos EUA após a vigência da nova tarifa e sofra taxação, elevando o preço final e reduzindo a competitividade do mel brasileiro no mercado internacional.
O cancelamento do embarque aconteceu na tarde de sexta-feira (11/07), dois dias após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar a medida. O governo anunciou a tarifa de importação para retaliar decisões judiciais brasileiras ligadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e às eleições de 2022.
Trajeto do mel e impactos para os produtores
O mel percorreu mais de 500 km de caminhão, saindo do município de Pico, no Piauí, até São Gonçalo do Amarante, no Ceará, onde fica o Porto do Pecém. De lá, o produto seguiria de navio para os Estados Unidos.
Sitônio Dantas, presidente geral da Casa Apis, destacou que a situação pegou a cooperativa de surpresa. “Nossa representante nos EUA, que é brasileira, tenta negociar com os clientes. Para que pelo menos as cargas que estão no Pecém possam ser embarcadas”, afirmou.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Brasil exporta cerca de 30 mil toneladas de mel por ano, com os EUA como um dos principais mercados. A imposição da tarifa pode afetar significativamente o setor apícola, especialmente produtores do semiárido, que dependem das exportações para garantir renda e sustentabilidade.
Especialistas em comércio exterior alertam que a medida americana pode gerar efeito cascata, prejudicando a balança comercial brasileira e a imagem do país como fornecedor confiável de produtos orgânicos.
O que esperar
A Casa Apis e outras entidades do setor buscam diálogo com o governo brasileiro para tentar reverter ou mitigar os efeitos da tarifa. Enquanto isso, os produtores enfrentam o desafio de manter a qualidade do mel e buscar novos mercados para evitar prejuízos maiores.
Enquanto as cooperativas buscam alternativas, o mel fica armazenado no Ceará. Porém, se não for exportado a tempo, os produtores terão de buscar novos mercados ou arcar com custos extras de logística.
“Estamos em contato com outros compradores, mas o preço pode cair muito”, diz Dantas.
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