Agricultores e agricultoras familiares de Palmeira dos Índios, em Alagoas, colaboram ativamente com uma pesquisa da Embrapa Alimentos e Territórios que visa fortalecer a conservação do umbu-cajazeira (Spondias spp.), espécie nativa e endêmica do Nordeste brasileiro. A árvore, pertencente à família Anacardiácea, produz o umbu-cajá, fruta de grande valor socioeconômico, utilizada principalmente na produção de sucos, geleias, polpas e sorvetes.
A pesquisa participativa foi iniciada em 2021 e com previsão de conclusão em 2026. E integra o projeto “Conservação in situ/on farm de recursos genéticos vegetais e interação com a conservação ex situ”. Marília Lobo Burle, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, coordena o projeto. O objetivo é mapear, diagnosticar e conservar os recursos genéticos da umbu-cajazeira. E promover o uso sustentável e a geração de renda para as famílias do Semiárido.
Experimentos e inovação no manejo
A equipe técnica da Embrapa instalou experimentos em três áreas produtivas para avaliar características das plantas, qualidade dos frutos e estimar a produtividade ao longo dos anos. Pesquisadores desenvolveram uma solução tecnológica simples para mensurar a colheita dos frutos nos quatro quadrantes das árvores. Durante os quatro meses de maior produção, entre maio e agosto, agricultores parceiros contam e pesam os frutos semanalmente. Atividade que será repetida pelos próximos três anos.
Os dados coletados são registrados em tabelas e enviados aos pesquisadore. Com isso, permitindo a avaliação do potencial genético das plantas e a identificação de matrizes para a produção de mudas. A pesquisadora Semíramis Ramos destaca que a produção de mudas deve considerar as características das plantas de origem, evitando a destruição de exemplares adultos produtivos.
Agricultura familiar como guardiã da biodiversidade
A agricultura familiar desempenha papel central na preservação da umbu-cajazeira. Segundo Ricardo Elesbão Alves, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, os agricultores são os verdadeiros guardiões dessas espécies, que garantem alimentação e renda para as famílias do Semiárido. Em Palmeira dos Índios, árvores centenárias de umbu-cajazeira são comuns em sítios e quintais, beneficiando diversas famílias locais.

O projeto já mapeou e diagnosticou mais de 60 áreas produtoras, identificando gargalos como dificuldades de acesso, presença de atravessadores e baixos preços pagos ao produtor. Além da retirada indiscriminada de estacas sem avaliação do potencial produtivo das plantas. Essas informações subsidiarão políticas públicas voltadas à conservação e ao desenvolvimento sustentável da cadeia do umbu-cajá, promovendo maior renda e qualidade de vida para os agricultores familiares.

Além disso, os técnicos coletaram amostras de solo e folhas para realizar o diagnóstico nutricional das plantas, o que possibilita desenvolver estratégias de manejo adequadas às condições do Agreste alagoano.
Importância socioeconômica e ambiental
A umbu-cajazeira é uma das principais fruteiras do Semiárido. Ela se destaca pela resistência à seca e pelo potencial de geração de renda em sistemas agroindustriais e extrativistas. O fortalecimento da conservação e do uso sustentável dessa espécie contribui para a segurança alimentar, a preservação do bioma Caatinga e o desenvolvimento regional.

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