A Justiça de Goiás, por meio da juíza Alessandra Gontijo do Amaral, da 19ª Vara Cível e Ambiental da Comarca de Goiânia, homologou nesta terça-feira (27) o plano de recuperação judicial da Agrogalaxy e suas subsidiárias. Assim, encerrando oito meses de negociações desde o pedido de recuperação em setembro de 2024. A decisão reconhece que a empresa cumpriu as exigências legais. E que a assembleia geral de credores, realizada em abril, aprovou o plano com 82,4% dos votos favoráveis.
Na decisão, a magistrada destacou que a recuperação judicial visa preservar a atividade econômica da empresa, proteger empregos e garantir os interesses dos credores. Ela também rejeitou cláusulas que tentavam estender benefícios a terceiros garantidores, mantendo a proteção apenas para a empresa devedora, conforme a legislação vigente.
O plano homologado prevê a venda de uma carteira de recebíveis avaliada em R$ 760 milhões, que deve injetar cerca de R$ 91 milhões em caixa e reduzir aproximadamente R$ 300 milhões da dívida total, que soma R$ 4,6 bilhões. Além disso, a empresa poderá vender outros ativos mediante autorização judicial para se adaptar às condições do mercado.
Crise financeira
A Agrogalaxy, que já foi uma das maiores redes de revenda de insumos agrícolas do país, enfrentou uma grave crise financeira que resultou no fechamento de metade das lojas, demissão de 40% dos funcionários e saída de três estados. Atualmente, opera com 65 lojas, 14 silos e uma unidade de sementes em nove estados, contra cerca de 130 unidades no auge do negócio.
O plano oferece condições diferenciadas para os credores. Fornecedores que mantiveram relacionamento comercial durante a crise terão pagamento integral com carência de dois anos e prazo total de dez anos. Já os credores quirografários comuns poderão optar por pagamento à vista com quitação total da dívida. Ou por parcelamento com deságio de 85%, iniciando os pagamentos três anos após a homologação.
A juíza alertou que o descumprimento das obrigações do plano no período de dois anos poderá levar à convolação da recuperação judicial em falência. Portanto, garantindo assim o rigor no cumprimento do acordo.
A crise da Agrogalaxy reflete desafios do setor de insumos agrícolas, marcado por quebras de safra, inadimplência rural e restrição de crédito. No quarto trimestre de 2024, a empresa teve prejuízo de R$ 292,4 milhões e receita de R$ 741 milhões, uma queda de 69,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Para enfrentar a crise, a Agrogalaxy adotou medidas como conversão de vendas a prazo em operações à vista, antecipação de recebíveis e redução do estoque de R$ 839,8 milhões para R$ 223,8 milhões, elevando o caixa de R$ 195 milhões para R$ 480 milhões no final de 2024.
Com a homologação do plano, a empresa agora foca na execução da reestruturação para retomar a estabilidade financeira e operacional. E manter o compromisso de informar o mercado e os acionistas sobre os avanços do processo.
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