Após dois anos de preços elevados, o azeite de oliva finalmente começa a ficar mais acessível no Brasil. A queda, que já chega a 4,42% no acumulado do ano, segundo dados do IBGE. Isso é resultado da recuperação da produção europeia, além da estabilização do câmbio e de medidas governamentais que reduziram impostos sobre importações. Especialistas projetam que a redução pode chegar a 20% até o final do ano, aliviando o bolso dos consumidores que viram o produto se tornar um artigo de luxo em 2023 e 2024.
A principal razão para a queda no preço do azeite no Brasil está na recuperação da produção nos países mediterrâneos, responsáveis por abastecer mais de 95% do mercado nacional. Após uma severa seca que reduziu a colheita em 2023 e 2024, a safra 2024/25 registrou um aumento de 29% na Europa, com a Espanha – maior produtor mundial – elevando sua produção em 50%.
“A produção global deve atingir 3,1 milhões de toneladas, um crescimento de 23% em relação ao ciclo anterior. Isso já está refletindo nos preços internacionais, que caíram de US$ 10 mil para US$ 5,5 mil por tonelada desde o início do ano”, explica Eduardo Casarin, diretor da Filippo Berio no Brasil.
Além da maior oferta, dois fatores contribuíram para a queda: a desaceleração do dólar (que saiu de R$ 6,00 no início de 2024 para abaixo de R$ 5,60 em junho de 2025) e a isenção da tarifa de importação de 9%, medida adotada pelo governo para conter a inflação.
No entanto, os consumidores ainda não sentem todo o impacto da redução. “Os estoques comprados a preços altos ainda estão sendo liquidados. A queda mais expressiva deve ocorrer a partir do segundo semestre, quando os importadores renovarem seus contratos com valores mais baixos”, afirma Carlos Vian, professor da Esalq-USP.
Consumo em recuperação e o risco de fraudes
Com a queda nos preços, o consumo de azeite no Brasil já mostra sinais de recuperação. Dados da Nielsen indicam que, após uma retração de quase 20% em 2024, as vendas voltaram a crescer, especialmente nas marcas premium. O preço da garrafa de 500 ml, que ultrapassava R$ 50, agora varia entre R$ 35 e R$ 40.
Porém, especialistas alertam para o risco de fraudes. “O azeite é o segundo produto mais falsificado do mundo. Com a normalização dos preços, esperamos menos adulterações, mas a fiscalização precisa ser reforçada”, diz Flávio Obino Filho, presidente do Ibraoliva.
A expectativa é de que os preços continuem caindo gradualmente, mas sem retornar aos patamares de cinco anos atrás. “Dificilmente veremos azeite a R$ 20 ou R$ 25 novamente, porque houve um impacto inflacionário acumulado”, ressalta Casarin.
Para o consumidor, a dica é ficar atento às promoções em grandes redes e e-commerces, onde os primeiros reflexos da queda já começam a aparecer. Enquanto isso, o setor olivícola brasileiro busca ampliar sua produção, que hoje é de apenas 400 mil litros por ano. Apenas uma fração mínima diante da demanda nacional de mais de 100 milhões de litros.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Defensivos agrícolas falsificados: sinais de alerta que todo produtor deve conhecer
+ Agro em Campo: Veja o erro que os brasileiros cometem com camarão no inverno