O mercado de azeite no Brasil tem passado por transformações significativas nos últimos anos, impulsionado por novas regulamentações e iniciativas de controle de qualidade. Até 2012, o país não possuía uma norma específica para a comercialização e produção de azeite de oliva. A mudança veio com a publicação da Instrução Normativa IN 1/2012 pelo Ministério da Agricultura, que estabeleceu padrões para análise sensorial e físico-química do produto. No entanto, a implementação efetiva só ganhou força em dezembro de 2021, com a formação do painel sensorial do Rio Grande do Sul, responsável por reclassificar centenas de lotes de azeite importados que não atendiam aos padrões de qualidade.
A produção brasileira de azeite de oliva, embora modesta, com cerca de 700 toneladas anuais, está em crescimento e se concentra principalmente no Rio Grande do Sul e na Serra da Mantiqueira, entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O Brasil é o terceiro maior importador de azeite do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia, com aproximadamente 88 mil toneladas importadas anualmente. Um dos principais desafios é garantir que esses produtos importados estejam de acordo com os padrões de classificação do Conselho Oleícola Internacional (COI) e corretamente rotulados.
Histórico recente e desafios
A história do azeite no Brasil é relativamente recente. Até 1995, o país não importava azeites extravirgens. A diversificação começou a partir do ano 2000, e a primeira extração de azeite brasileiro ocorreu há apenas 16 anos. A normativa de 2012 e a homologação do primeiro painel sensorial em 2021 marcam avanços importantes. Mas ainda há muito a ser feito para consolidar a indústria nacional e garantir a qualidade dos produtos disponíveis ao consumidor.
Recentemente, a Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) conquistou a certificação do Conselho Oleícola Internacional (COI) para o segundo painel sensorial de azeite do Brasil. Esse painel, composto por especialistas treinados, tem a capacidade de reclassificar azeites que não atendem aos padrões de qualidade, combatendo fraudes como a venda de azeites virgens como extravirgens. A certificação amplia a capacidade de análise sensorial no país e fortalece a fiscalização do Ministério da Agricultura.
Impacto no mercado e educação do consumidor
A atuação dos painéis sensoriais tem sido fundamental para elevar a qualidade dos azeites consumidos no Brasil. Pois, além de subsidiar a fiscalização, esses grupos contribuem para a educação do consumidor, ensinando a identificar os atributos de qualidade do azeite.
A auditora fiscal federal agropecuária Helena Pan Rugeri destaca que a fiscalização tem revelado uma alta ocorrência de fraudes, com produtos de baixa qualidade sendo vendidos como extravirgens. A reclassificação desses produtos é essencial para proteger a produção nacional, que tem ganhado reconhecimento internacional por sua alta qualidade.
Futuro da indústria brasileira de azeite
A formação de novos painéis sensoriais e a educação contínua de produtores e consumidores são passos cruciais para o desenvolvimento da indústria brasileira de azeite. Com a certificação internacional e o fortalecimento da fiscalização, o Brasil está no caminho para consolidar sua posição no mercado global de azeite. E garantir produtos de alta qualidade, além de combater práticas fraudulentas.
Para evitar fraudes, os consumidores devem ficar atentos à classificação do azeite (extravirgem, virgem ou lampante) e buscar produtos de marcas reconhecidas. O Ministério da Agricultura disponibiliza informações online sobre como identificar azeites de qualidade e evitar produtos falsificados.
Com esses avanços, o Brasil não apenas melhora a qualidade do azeite disponível no mercado interno, mas também fortalece sua produção nacional. E assim, abrir portas para a expansão da cadeia produtiva e o reconhecimento internacional.
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