A Bahia, reconhecida por sua força no agronegócio, especialmente na produção de grãos, tem se destacado também na fruticultura, com um desempenho notável no cultivo de maracujá. Em 2023, o estado manteve a liderança nacional na produção da fruta, alcançando um total de 253,9 mil toneladas, o que representa um crescimento de 8,3% em relação ao ano anterior. Esse aumento resultou em um faturamento de R$ 545,6 milhões para os produtores baianos, quase 16% a mais do que em 2022.
A Chapada Diamantina, uma região rica em biodiversidade e famosa pelo turismo ecológico, se destaca como o principal polo produtor de maracujá na Bahia. O município de Livramento de Nossa Senhora é o maior produtor brasileiro da fruta, com uma produção de 44.395 toneladas em 2023, apesar de uma leve retração de 5% em comparação à safra anterior. Outros municípios da Chapada, como Ituaçu e Barra da Estiva, também contribuem significativamente para a produção nacional, com aproximadamente 30 mil toneladas cada.
Condições favoráveis ao cultivo
As condições climáticas da Bahia são ideais para o cultivo do maracujá. A combinação de altas temperaturas, alta incidência solar e diversidade de solos proporciona um ambiente propício para o desenvolvimento da planta. A disponibilidade de recursos hídricos para irrigação também é um fator crucial que contribui para o sucesso da fruticultura na região.
De acordo com a Embrapa Mandioca e Fruticultura, a temperatura ideal para o crescimento do maracujazeiro varia entre 21°C e 25°C. Além disso, a planta requer uma distribuição constante de chuvas ao longo do ano, com demanda hídrica variando entre 800 mm e 1.750 mm.
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O sucesso da produção de maracujá na Chapada Diamantina também é atribuído ao uso de tecnologias avançadas e práticas agrícolas adequadas. Pesquisas têm mostrado que o uso de cultivares desenvolvidas por melhoramento genético e a implementação de sistemas de irrigação eficientes têm elevado a produtividade dos cultivos.
Gonçalo Santos, presidente da cooperativa Cooppmamo, que apoia pequenos produtores na região, destaca a importância do cooperativismo: “Fornecemos adubos a preço de fábrica e assistência técnica sem custo algum aos nossos cooperados.”
Desafios enfrentados pelos produtores
Apesar das condições favoráveis e do crescimento contínuo da produção, os agricultores enfrentam desafios significativos. O aumento dos custos de produção devido aos preços elevados dos defensivos agrícolas e adubos é uma preocupação constante. Além disso, a falta de um mercado estável e políticas de preços mínimos tem dificultado a comercialização do produto.
O pesquisador da Embrapa alerta sobre as doenças fúngicas e bacterianas que afetam as plantações. “A alta incidência dessas doenças pode comprometer seriamente a produção em alguns polos.”
Apesar dos desafios enfrentados, as expectativas para o futuro são otimistas. A cooperativa Cooppmamo planeja expandir ainda mais sua produção e está considerando a implementação de uma fábrica de polpas para agregar valor ao produto e gerar empregos na região.
Com um potencial significativo para crescimento e inovação no setor frutal, a Chapada Diamantina se estabelece firmemente como um importante polo produtivo no Brasil. Contribuindo não apenas para a economia local mas também para a diversificação da agricultura baiana.