Os preços do café arábica seguem em patamares recordes ao longo de fevereiro. Segundo o Cepea, a cotação real do grão atingiu novos máximos na série histórica iniciada em novembro de 1996. No dia 12, o Indicador CEPEA/ESALQ para o arábica tipo 6, bebida dura para melhor, alcançou R$ 2.769,45 por saca de 60 kg, um recorde real. Nos dias seguintes, os valores oscilaram levemente, mas permaneceram próximos de R$ 2.700 por saca. Somente em 2025, o indicador já subiu mais de R$ 500 por saca.
Pesquisadores do Cepea apontam que os baixos estoques, tanto no Brasil quanto no mercado global, sustentam essa valorização. Além disso, a safra 2025/26 deve registrar produção modesta. Apesar dos preços elevados, a demanda segue aquecida. No campo, as lavouras de arábica estão na fase final de desenvolvimento, mas o forte calor e o clima seco desta semana preocupam os produtores.
Responsabilidade social e sustentabilidade no setor cafeeiro
O Comitê de Responsabilidade Social e Sustentabilidade (RSS) do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) se reuniu em 18 de fevereiro com representantes da organização Verité. O encontro discutiu a aplicação das ferramentas do Projeto COFFEE nos processos de devida diligência em direitos humanos e trabalhistas de empresas e cooperativas exportadoras de café.
Silvia Pizzol, diretora de RSS do Cecafé, destaca que a adoção de boas práticas é essencial para garantir competitividade no mercado europeu. “Com as novas regras de comércio da União Europeia voltadas para ESG, aprimorar os processos de devida diligência socioambiental se torna fundamental. O bloco absorve cerca de 50% das exportações brasileiras de café”, afirma.
O Cecafé tem investido na capacitação do setor por meio de sua plataforma de ensino a distância. O curso “Novas Regras de Comércio em Tempos de ESG” foi lançado recentemente para orientar exportadores sobre as exigências internacionais. Além disso, a entidade promove diálogos entre o setor exportador e iniciativas alinhadas à devida diligência em direitos humanos e trabalhistas.
Silvia Pizzol ressalta a importância do kit de ferramentas desenvolvido pela Verité no projeto COFFEE. “O objetivo é criar um ciclo virtuoso de melhoria contínua na sustentabilidade social da cadeia de fornecimento do café”, explica. Em resumo, o programa, financiado pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos (DOL), oferece acesso gratuito às ferramentas e capacitações, especialmente para as primeiras etapas da devida diligência socioambiental.
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