A safra 2023/2024 de algodão registrou produção recorde e consolidou o Brasil como líder nas exportações da pluma. No período, 3,04 milhões de toneladas receberam certificação do Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Em geral, o volume corresponde a 83% da produção total do país, que alcançou 3,7 milhões de toneladas.
Em relação à safra anterior, houve um aumento absoluto de 14% na produção certificada, que passou de 2,7 milhões para 3,04 milhões de toneladas. Além disso, o número de propriedades rurais certificadas também cresceu 20,6%, subindo de 374 para 451 unidades produtivas.
Certificação amplia acesso a mercados internacionais
A certificação garante que as fazendas seguem normas sustentáveis em produção, meio ambiente e relações trabalhistas. Ou seja, o ABR abre portas para mercados mais exigentes e facilita o licenciamento Better Cotton. Na safra passada, o Brasil respondeu por 48% do algodão Better Cotton comercializado no mundo.
Ao mesmo tempo, o setor também impulsionou o emprego. Em resumo, as fazendas certificadas geraram 41 mil vagas diretas, incluindo 4,8 mil mulheres e 670 trabalhadores com deficiência. Além disso, 93% da produção ABR ocorreu no sistema sequeiro, sem irrigação artificial.
Rastreabilidade avança no setor têxtil
O programa SouABR, primeiro sistema de rastreabilidade de ponta a ponta da cadeia têxtil, alcançou marcos importantes em 2024. Mais de 190 mil peças rastreáveis chegaram ao mercado por marcas como Almagrino, C&A, Calvin Klein, Döhler e Veste S.A. No total, 79 produtores e 99 fazendas participaram da iniciativa, disponibilizando informações sobre mais de 41 mil fardos de algodão.
O projeto foi reconhecido no Prêmio Amcham 2024, um dos principais reconhecimentos de inovação sustentável do Brasil. Um dos destaques foi a coleção de jeans rastreáveis da C&A, produzida com 53.460 kg de algodão certificado, 2.207 kg de fio e 3.713 metros de tecido da Santana Textiles. O processo envolveu a confecção Emphasis e resultou em 2.500 calças jeans rastreáveis.
Moda consciente e transparência na produção
A rastreabilidade avançou em toda a cadeia produtiva. O SouABR monitorou 1,75 milhão de quilos de fios, 160 mil metros de tecidos, 135 mil quilos de malhas e 205 mil peças confeccionadas. Grandes marcas apostam na iniciativa. A Veste S.A., dona da Dudalina e Individual, iniciou o projeto com 80 mil peças rastreáveis e pretende ampliar essa tecnologia para outros produtos.
Alexandre Afrange, CEO da Veste S.A., reforça que a rastreabilidade melhora a transparência na produção e fortalece padrões de sustentabilidade na moda. “Não se trata apenas de inovação tecnológica, mas de uma transformação no setor”, destaca.
Pedro Sávio, da Almagrino, considera o SouABR uma referência global em responsabilidade socioambiental. “Nosso compromisso com altos padrões socioambientais se reflete na rastreabilidade”, afirma. Marco Aurélio Braga, da Döhler, destaca que a primeira toalha rastreável do Brasil garante transparência ao consumidor.
Os avanços do SouABR reforçam a relevância da rastreabilidade no setor têxtil. “A adesão de grandes marcas e o reconhecimento em prêmios consolidam o Brasil como referência em moda consciente”, conclui Gustavo Piccoli, presidente da Abrapa.
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