O Brasil é atualmente um dos principais produtores de borracha natural no mundo, com uma produção estimada em cerca de 463 mil toneladas na safra 2023/2024, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estado de São Paulo lidera a produção nacional, respondendo por aproximadamente 65% do total, seguido por outros estados como Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Tocantins e Pará. Apesar do volume significativo, o país ainda importa entre 40% e 50% da borracha consumida internamente, devido à demanda crescente e desafios na expansão da produção.
A borracha natural é extraída principalmente por seringueiros, trabalhadores tradicionais que coletam o látex das seringueiras na Amazônia e em outras regiões produtoras. Esses extrativistas desempenham papel fundamental na cadeia produtiva, associando a atividade à preservação ambiental e à economia sustentável, especialmente em áreas de floresta nativa.
Preço de referência da borracha natural sobe 3,7% em maio de 2025
O preço de referência para importação da borracha natural registrou alta de 3,7% em maio de 2025, passando de R$ 13,21/kg em abril para R$ 13,70/kg, conforme análise conjunta da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Instituto de Economia Agrícola (IEA-SP). A valorização ocorreu mesmo com a cotação dos contratos na bolsa de Cingapura subindo modestamente 0,9%, enquanto o dólar apresentou queda de 2%, cotado a R$ 5,67. Um fator determinante para o aumento do preço foi o forte crescimento do frete internacional, que subiu 106,7%, enquanto o frete interno manteve-se estável.
O índice de referência da borracha natural atingiu 162,09 pontos em maio, com alta de 2,3% em relação ao mês anterior, refletindo a conjuntura global de oferta e demanda, além dos custos logísticos.
Produção nacional em São Paulo cresce, mas enfrenta desafios
A safra de borracha no estado de São Paulo, maior produtor do Brasil, deve alcançar 266 mil toneladas na temporada 2024/2025, um crescimento estimado de 8,8% em relação à safra anterior, segundo o IEA. No entanto, o setor enfrenta adversidades como condições climáticas desfavoráveis, escassez de mão de obra qualificada e impactos dos incêndios ocorridos em 2024, que atingiram áreas de seringais. A Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor) estima que a produção pode sofrer redução de até 20% devido a esses fatores.

A atividade exige mão de obra especializada, pois a extração do látex requer técnica precisa para não danificar as plantas e maximizar a produção. A valorização dos preços da borracha, que subiu 118% em um ano, tem animado produtores e pode ajudar na recuperação da força de trabalho do setor.
Projeto Borracha Nativa da Mercur fortalece cadeia sustentável na Amazônia
Há 15 anos, a empresa Mercur desenvolve o Projeto Borracha Nativa, que adquire borracha natural diretamente de seringueiros e comunidades indígenas na Amazônia Legal, fomentando uma cadeia produtiva sustentável que alia justiça socioeconômica, preservação ambiental e valorização cultural. Em 2024, o projeto adquiriu 11,7 toneladas de látex extraído em oito territórios do Pará e Rondônia, incluindo Reservas Extrativistas e Terras Indígenas, e já acumula 75 toneladas desde seu início.

A Mercur paga até quatro vezes mais pelo látex amazônico em relação ao mercado convencional, incentivando a economia da floresta em pé. Parte dessa borracha é utilizada na fabricação de produtos como artigos escolares e materiais de fisioterapia. Em 2024, a empresa lançou a Borracha Nativa da Amazônia, produto 100% feito com látex amazônico e que traz QR Code conectando consumidores às histórias e territórios de origem, em parceria com a rede Origens Brasil®.
Segundo Jovani, comprador da Mercur, “essa iniciativa aproxima quem compra de quem produz, reforçando a importância da floresta viva para o futuro de todos”.
Apesar dos desafios, a valorização dos preços e iniciativas sustentáveis como o Projeto Borracha Nativa indicam caminhos promissores para a recuperação e fortalecimento da borracha natural no Brasil. A produção nacional ainda precisa superar limitações estruturais e ampliar investimentos para reduzir a dependência das importações e atender a uma demanda global crescente.
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