O Brasil consolida seu papel como protagonista da transição energética global. A matriz energética mundial ainda depende 80% de petróleo, carvão e gás. Portanto, nesse cenário, o Brasil aposta na bioenergia como alternativa viável, competitiva e de aplicação imediata. O país combina inovação tecnológica, políticas públicas fortes e alta capacidade produtiva.
Segundo Luciano Rodrigues, diretor da UNICA, o Brasil reúne condições únicas. O clima tropical, o uso eficiente da terra e o sistema produtivo adaptado favorecem a produção de bioenergia.
Etanol e biocombustíveis em destaque
O setor sucroenergético responde por 18% da matriz energética brasileira. O etanol lidera entre os biocombustíveis no transporte leve. Porém, no futuro, a bioeletricidade deve ganhar espaço. Ao mesmo tempo, o país também aposta no biogás, biometano e SAF (combustível sustentável de aviação). Essas fontes devem atender o transporte aéreo e marítimo, ampliando a descarbonização de setores estratégicos.
Políticas públicas aceleram o setor
Para Rodrigues, as políticas públicas são decisivas. Ou seja, elas garantem segurança jurídica e atraem investimentos para o setor renovável.
O RenovaBio estabelece metas de descarbonização para distribuidoras de combustíveis. O programa criou o mercado de CBIOs, valorizando o carbono. A nova Lei do Combustível do Futuro também impulsiona o setor. Ela aumenta a mistura obrigatória de etanol anidro nos combustíveis. Além disso, a lei define metas de redução de emissões no setor aéreo com uso do SAF.
A norma cria ainda o Programa Nacional de Descarbonização do Gás Natural. Em geral, o texto incentiva o biometano e regulamenta o sequestro de carbono.
Outro destaque é o Programa Mover. Ele foca na modernização da frota automotiva e no uso de energias de baixo carbono. Ou seja, o programa valoriza carros híbridos que utilizam etanol, com menores emissões por quilômetro rodado. “Essas medidas podem moldar o setor nos próximos anos”, avalia Rodrigues. Ele acredita que o Brasil liderará a transição energética global.
Inteligência artificial impulsiona a bioenergia
Rodrigues também destaca o papel da inteligência artificial. A IA pode transformar o agronegócio e o setor bioenergético. Na lavoura, algoritmos analisam dados climáticos, do solo e das plantas. Em resumo, isso permite otimizar o uso de insumos e aumentar a produtividade. Na indústria, a IA acelera pesquisas e desenvolve variedades mais eficientes. Ela também melhora processos de produção e distribuição.
Por outro lado, a digitalização aumenta o consumo de energia em diversos setores. Isso eleva a necessidade de fontes limpas. Com isso, a demanda impulsiona o crescimento da bioenergia como solução de baixo carbono. “A IA torna a produção mais eficiente e amplia o mercado de renováveis”, reforça o diretor da UNICA.
Evento debate bioenergia
De 12 a 15 de agosto, Sertãozinho (SP) sedia a 31ª Fenasucro & Agrocana. O evento discutirá o futuro do mercado bioenergético. Rodrigues destaca o avanço brasileiro. “Cerca de 49% da nossa matriz vem de fontes renováveis, contra 15% da média global”, afirma. Desse total, 30% vêm da bioenergia ligada ao agronegócio. A biomassa da cana, milho, soja, silvicultura e celulose lideram essa produção. “Sem a bioenergia agropecuária, os renováveis cairiam para 20%”, explica. Isso reforça o peso do setor na energia nacional.
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