O Brasil alcançou em 2025 a maior safra de milho de sua história, consolidando-se como um dos principais produtores globais do cereal. Segundo levantamento da Agroconsult, divulgado ao final do Rally da Safra, a produção total deve atingir 150,3 milhões de toneladas, somando-se a safra de verão (27 milhões de toneladas) e a segunda safra, que sozinha responde por 123,3 milhões de toneladas – um aumento de 20,2 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior e 10,4 milhões acima da estimativa de maio.
A produtividade média nacional foi revisada para 113,8 sacas por hectare, a maior já registrada no país. O desempenho excepcional é atribuído principalmente às chuvas regulares entre abril e junho, que garantiram umidade adequada até mesmo para lavouras plantadas fora da janela ideal. O coordenador do Rally da Safra, André Debastiani, destacou que “as lavouras tardias vão entregar uma produtividade nunca vista. E isso só ocorreu por conta do prolongamento das chuvas”.
Os principais estados produtores bateram recordes:
- Mato Grosso: 131,9 sacas/ha (+11,6%)
- Goiás: 126,1 sacas/ha (+5,6%)
- Paraná: 106,5 sacas/ha (+16,5%)
- Mato Grosso do Sul: 98,1 sacas/ha (+35,1%)
Além do clima, o controle fitossanitário eficiente – apesar da alta incidência de lagartas – e o aumento no número de espigas e grãos por espiga foram determinantes para os resultados positivos.
Área plantada cresce e tecnologia avança
A área plantada da segunda safra cresceu 5,7% em relação ao ciclo anterior, totalizando 18,1 milhões de hectares. O uso de ferramentas de monitoramento por satélite, como o Cropdata da Agroconsult, permitiu uma avaliação detalhada das lavouras. Resultando em revisão para cima da área cultivada em comparação aos dados oficiais da Conab.
O crescimento acelerado da produção impõe desafios à infraestrutura nacional. Parte significativa do milho deverá ser armazenada a céu aberto, como já ocorreu em anos anteriores, pressionando a capacidade de armazenagem, transporte e exportação. O setor logístico terá de lidar com o escoamento de um volume recorde, especialmente no segundo semestre, quando o Brasil compete diretamente com os Estados Unidos no mercado internacional.
Mercado interno aquecido e exportações sob pressão
O consumo doméstico de milho deve atingir 97 milhões de toneladas, impulsionado pela retomada do mercado de rações – após o controle da gripe aviária – e pela demanda crescente das usinas de etanol de milho. Já as exportações, estimadas inicialmente em 44,5 milhões de toneladas para o segundo semestre, dependerão da conjuntura internacional. Fatores como a safra americana, o desempenho da Argentina e questões geopolíticas, como o conflito entre Israel e Irã (um dos maiores compradores do milho brasileiro), podem impactar o ritmo dos embarques.
Segundo o 8º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25 da Conab, a produção total de grãos no Brasil deve chegar a 332,9 milhões de toneladas, com destaque para a soja e o milho. O resultado é reflexo de condições climáticas favoráveis e do alto nível tecnológico do agronegócio nacional.
Com a colheita avançando e os números consolidados, o Brasil reforça sua posição de liderança no agronegócio mundial. No entanto, o setor precisa investir em infraestrutura e logística para garantir o escoamento eficiente da produção recorde e manter a competitividade internacional.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Ingressos esgotando para o 10º Coffee Dinner & Summit 2025
+ Agro em Campo: Demanda por crédito no agro ultrapassa R$ 1 trilhão