A produção de cacau na Amazônia está alcançando novos patamares com sistemas que unem regeneração ambiental e geração de renda para comunidades tradicionais. No Pará, 189 famílias agroextrativistas fornecem a matéria-prima para uma iniciativa que está recuperando 8.116 hectares de áreas degradadas por meio do cultivo em sistemas agroflorestais (SAFs).
O modelo combina cacaueiros com espécies nativas como castanha-do-pará, taperebá e ipê, mantendo a floresta em pé enquanto garante produção sustentável. A técnica não só melhora a fertilidade do solo, como também oferece uma alternativa econômica viável ao desmatamento – especialmente relevante em um ano em que o Brasil sediará a COP30, com foco na bioeconomia amazônica.
A cadeia produtiva envolve cooperativas como a CEPOTX, de Altamira (PA), que recebem assistência técnica e acesso a crédito para aprimorar práticas agrícolas e obter certificações. O processamento das amêndoas é feito no Ecoparque da Natura em Benevides (PA), onde se transformam em manteiga e essência – mas o grande diferencial está na origem: um cacau cultivado sem avanço sobre novas áreas de floresta.
Além do impacto socioambiental, o cacau amazônico chama atenção por seu potencial cosmético. Estudos in vitro indicam que seus bioativos podem estimular a produção de colágeno em até 2x. Um atributo que vem sendo explorado em produtos de cuidados pessoais.
A iniciativa reforça um movimento crescente na região: aliar conhecimento tradicional com técnicas regenerativas para produzir cacau de qualidade, gerar renda e, ao mesmo tempo, conservar a Amazônia. Com a demanda global por cacau sustentável em alta – e a crise produtiva na África Ocidental –, modelos como esse podem indicar um caminho para o futuro da cacauicultura brasileira.
Empresa de cosméticos amplia impacto regenerativo com nova linha à base de cacau amazônico
A Natura acaba de lançar a linha Ekos Cacau, que utiliza bioativos da Amazônia como principal ingrediente. Assim, reforçando seu compromisso com a regeneração ambiental e social. O cacau, cultivado por 189 famílias de comunidades agroextrativistas no Pará, é usado pela primeira vez na marca. E representa um avanço na valorização da sociobiodiversidade amazônica.

O lançamento ocorre em um ano estratégico para o Brasil, que sediará a COP30 em Belém (PA), e destaca a bioeconomia como alternativa ao desmatamento.
Cultivo regenerativo: cacau em sistemas agroflorestais
O cacau usado pela Natura é produzido em Sistemas Agroflorestais (SAFs), uma técnica que combina:
- Cacaueiros
- Espécies nativas (castanha-do-pará, taperebá, ipê)
- Recuperação de áreas degradadas
Essa prática já contribui para a conservação de 8.116 hectares de floresta, além de melhorar a fertilidade do solo e evitar novos desmatamentos. “Sustentar a vida e o planeta já não basta – é preciso regenerar”, afirma Angela Pinhati, Diretora de Sustentabilidade da Natura.
Impacto social: parcerias que transformam
A Natura mantém há 25 anos relações com comunidades da Amazônia, impactando mais de 10 mil famílias e ajudando a preservar 2,2 milhões de hectares de floresta (equivalente a 14 cidades de São Paulo).
A principal fornecedora de cacau para a Ekos é a Cooperativa CEPOTX, de Altamira (PA). A parceria vai além da compra da matéria-prima:
- Assistência técnica para certificação regenerativa
- Programas de incentivo financeiro
- Acesso a crédito via Mecanismo Financeiro Amazônia Viva (parceria com Funbio e VERT Securitizadora)
“Queremos um modelo justo, que valorize o trabalho das comunidades”, diz Mauro Costa, Gerente Sênior de Suprimentos da Natura.
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