Por trás de uma das bebidas mais valorizadas do mundo, há décadas de ciência. Em Minas Gerais, maior produtor de café do Brasil, responsável por 50% da área cultivada e 40% da produção nacional, o melhoramento genético tem sido a chave para saltos de produtividade, qualidade e adaptação às mudanças climáticas. Com mais de 20 cultivares registradas pela EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), o estado consolida seu protagonismo no agronegócio cafeeiro, garantindo futuro para milhares de famílias rurais.
Da xícara ao campo: a ciência por trás do café premium
“Quantas tecnologias há em uma xícara de café?” A pergunta, feita por entusiastas da bebida, tem uma resposta complexa: solo, clima e tradição se unem a pesquisas genéticas que desenvolvem plantas mais produtivas, resistentes e adaptadas a diferentes regiões.
“Nosso objetivo é oferecer ao produtor cultivares que aumentem a produtividade e transformem seu sistema de produção”, explica Gladyston Carvalho, pesquisador da EPAMIG. Com 587 municípios mineiros cultivando café, a demanda por inovação é urgente.
Destaque em números:
- Produtividade saltou de 7 sacas/hectare (década de 1980) para 30 sacas/hectare atualmente;
- Minas Gerais abriga 300 mil produtores dependentes da cafeicultura;
- Cultivares como Topázio MG1190 e MGS Aranãs aumentaram em até 40% a resistência a pragas.
Cultivares que revolucionam o campo
No Sítio Refazenda, em Nepomuceno (Sul de Minas), o produtor Alexandre Vilela apostou em genética de ponta. “Materiais como Catiguá MG2 e MGS Paraíso 2 elevaram nossa produtividade e qualidade, garantindo competitividade”, relata.
As cultivares desenvolvidas pela EPAMIG são fruto de 20 a 30 anos de pesquisa, desde a hibridação (cruzamento artificial de plantas com características desejadas) até testes em campos experimentais. “Só após 12 anos de estudos internos iniciamos a validação em diferentes ambientes”, detalha Gladyston.
Principais cultivares mineiras:
- MGS Ametista: Resistência à seca e alta produtividade;
- MGS Aranãs: Adaptada a regiões de altitude média;
- Topázio MG1190: Qualidade sensorial premium, voltada para cafés especiais.
Projetos que conectam ciência e produtor
Entre 2016 e 2022, a EPAMIG liderou um projeto no Cerrado Mineiro, em parceria com a Federação dos Cafeicultores da região, instalando unidades demonstrativas em propriedades rurais. Os resultados identificaram cultivares ideais para biomas específicos, base para o atual projeto “Validação de Cultivares e Transferência de Tecnologias”, que mapeia as melhores opções para cada microclima do estado.
“Queremos manter o cafeicultor bem remunerado e atrair jovens para a sucessão familiar”, afirma Vinicius Andrade, pesquisador da EPAMIG. Com a renovação de lavouras, Minas espera consolidar sua liderança e ampliar a exportação de cafés gourmet.
Futuro do café mineiro: sustentabilidade e reconhecimento global
Além da produtividade, as novas cultivares priorizam:
- Redução de agroquímicos: plantas mais resistentes diminuem o uso de defensivos;
- Adaptação climática: variedades tolerantes a secas e temperaturas extremas;
- Qualidade sensorial: grãos com notas complexas, valorizados no mercado internacional.
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