A safra 2024-2025 da castanha-do-Pará, também conhecida como castanha-da-amazônia ou castanha-do-brasil, enfrenta uma forte queda devido a condições climáticas extremas. Especialmente uma seca severa agravada pelo fenômeno El Niño, que afetou os principais estados produtores da região Norte do Brasil. Segundo a Embrapa, a baixa umidade do solo, alta radiação solar e temperaturas elevadas comprometeram a floração e a formação dos frutos das castanheiras. Resultando em uma quebra significativa da produção.
A estimativa preliminar aponta para a pior safra já registrada na história recente, superando o declínio de 70% ocorrido no biênio 2016-2017, também causado por eventos climáticos extremos. A seca prolongada afetou diretamente a fisiologia das castanheiras e a atividade das abelhas polinizadoras, essenciais para a frutificação da oleaginosa. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) registrou que 70% dos municípios da Amazônia sofreram com estiagem em 2024, agravando o cenário para os extrativistas.
O impacto imediato da crise foi sentido no mercado, onde os preços da castanha dispararam. Chegaram a alcançar em março de 2025 o recorde de R$ 220,00 por lata de 20 quilos. Um aumento de 266% em relação ao preço usual de R$ 60,00. Apesar da alta, especialistas alertam para o risco de retração das compras por parte da indústria, como ocorreu na última grande quebra de safra em 2017. Nesse período, o aumento dos preços levou à redução da demanda e prejuízos para os produtores.
Próxima safra
Pesquisadores da Embrapa indicam que a próxima safra (2025-2026) pode registrar uma recuperação e até mesmo uma superprodução. Um fenômeno conhecido como “efeito compensatório” das castanheiras, que tendem a frutificar mais intensamente após anos de baixa produtividade. Esse aumento também pode ser favorecido pelo fenômeno climático La Niña, que traz condições mais úmidas à região amazônica.
No entanto, o setor enfrenta desafios estruturais, como a necessidade urgente de manejo adequado e renovação dos castanhais, já que muitas árvores mais velhas estão morrendo, o que pode comprometer a sustentabilidade da produção a médio e longo prazo. A adoção de medidas de adaptação climática e investimentos em pesquisa e tecnologia são fundamentais para garantir a qualidade e a continuidade da cadeia produtiva da castanha-do-Pará.
Desenvolvimento sustentável
A castanha-do-Pará é um produto estratégico da bioeconomia amazônica. Sendo importante para a geração de renda de milhares de famílias extrativistas e para o desenvolvimento sustentável da região Norte. O Pará é o maior produtor nacional, com cerca de 9.390 toneladas produzidas em 2023. Isso conforme dados do IBGE, concentrando a maior parte da produção brasileira.
A crise atual evidencia a vulnerabilidade do setor diante das mudanças climáticas e reforça a necessidade de políticas públicas e investimentos que promovam a resiliência dos sistemas produtivos da Amazônia.
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