O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) apresentou, em Bruxelas, atualizações sobre rastreabilidade e sustentabilidade do setor cafeeiro. A reunião ocorreu na sede da Comissão Europeia, com representantes da Direção-Geral de Parcerias Internacionais.
Leonard Mizzi, chefe de unidade da DG de Parcerias Internacionais, elogiou os avanços do Brasil nos critérios ESG. Ele destacou o compromisso dos setores de café e algodão com a rastreabilidade socioambiental. Mizzi afirmou que o Brasil caminha para atender ao Regulamento Europeu de Produtos Livres de Desmatamento (EUDR). Segundo ele, as denúncias trabalhistas divulgadas na imprensa não refletem o cenário atual. “São casos reaquecidos pela mídia, que busca polêmica”, pontuou.
Dados técnicos e públicos
Durante o encontro, o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, apresentou dados técnicos e públicos da cafeicultura brasileira. Ele também detalhou a Plataforma de Monitoramento Socioambiental Cafés do Brasil. A ferramenta, desenvolvida pela Serasa Experian com o Cecafé, emprega tecnologias modernas para garantir a rastreabilidade. “Transparência exige mecanismos que identifiquem problemas, como a plataforma Cecafé-Serasa. Mesmo pequenos, esses problemas aparecem em qualquer país”, afirmou Matos.
Em resposta, Mizzi mencionou que a União Europeia estuda simplificar o EUDR. A proposta visa reduzir pressões sobre eventuais falhas pontuais. Ele reforçou que o canal de diálogo com o Cecafé permanece aberto. Sobre a classificação de risco no EUDR, Mizzi explicou que será adotado o critério por país, e não por regiões. O motivo, segundo ele, é a limitação de tempo, estrutura e orçamento, redirecionado para defesa e segurança energética.
Apesar disso, ele vê possibilidade futura de regionalizar o risco. “Mizzi acredita que o Brasil não terá dificuldades, mas é fundamental seguir no debate e apresentar dados consistentes”, disse Matos. Além disso, Mizzi e Camilla Fusato, do fundo IFAD, prometeram conectar o Cecafé à Direção-Geral de Meio Ambiente. A intenção é aprofundar a discussão técnica sobre o nível de risco do Brasil no EUDR. Matos revelou que a definição do risco por país deve ocorrer até junho. Depois disso, a implementação do EUDR está prevista para dezembro deste ano.
Ao fim da reunião, Mizzi comentou sobre o Acordo Mercosul-União Europeia. Segundo ele, o cenário geopolítico atual impulsiona a aprovação do tratado. “Está otimista com a conclusão ainda em 2025”, concluiu Matos.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Cecafé propõe fundo para fortalecer fiscalização da Antaq
+ Agro em Campo: Cecafé destaca sustentabilidade do café brasileiro a organizações japonesas