O Censo Agropecuário, principal levantamento sobre a realidade rural brasileira, contará com imagens de satélite para otimizar a coleta de dados da aquicultura. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Embrapa Territorial firmaram uma parceria para utilizar o mapeamento de viveiros escavados na produção aquícola como referência para os recenseadores. A atualização do Censo Agropecuário está prevista para 2026/2027.
Tradicionalmente, o Censo Agropecuário visita todos os estabelecimentos rurais do país para coletar informações sobre a produção vegetal, animal e extrativista. Agora, um processo inverso será aplicado: os dados gerados pela Embrapa Territorial servirão como guia para os recenseadores, permitindo uma abordagem mais eficiente e precisa.
Segundo Lucíola Alves Magalhães, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Territorial, a expectativa é que diversos insumos satelitais sejam utilizados para melhorar o levantamento. “Uma das inovações será a integração do mapeamento de viveiros escavados aos dados pré-disponibilizados para os recenseadores, agilizando a identificação das unidades aquícolas em campo”, afirma.
O coordenador de estatísticas agropecuárias do IBGE, Octávio Oliveira, reforça a importância da iniciativa. “O mapeamento da Embrapa ajudará no planejamento da coleta de dados, garantindo a inclusão de unidades aquícolas que não foram identificadas no último censo, realizado em 2017. Também esperamos aprimorar os dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), que monitora anualmente a produção aquícola”, explica.
Crescimento da aquicultura e precisão nos dados
A produção aquícola no Brasil vem crescendo de forma significativa nos últimos anos. O Censo Agropecuário de 2006 registrou os primeiros dados sobre o setor. E a partir de 2013, a Pesquisa Pecuária Municipal começou a incluir a atividade. Com a cooperação técnica entre Embrapa e IBGE, espera-se que as estatísticas sobre a aquicultura se tornem ainda mais precisas e atualizadas.
A Embrapa Territorial já concluiu o mapeamento dos viveiros escavados nos municípios responsáveis por 75% da produção de cada estado, utilizando imagens de satélite de 2018. Atualmente, o levantamento está sendo atualizado e ampliado em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura. O IBGE, por sua vez, fornecerá dados complementares que permitirão refinar a precisão das informações.
Integração com o Cadastro Ambiental Rural (CAR)
A colaboração entre Embrapa e IBGE também se estende ao uso do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para análises comparativas com os estabelecimentos agropecuários identificados pelo censo. O objetivo é compreender as diferenças e relações entre as propriedades rurais e os estabelecimentos produtivos, contribuindo para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes.
“O trabalho iniciado após o Censo Agropecuário de 2017 precisa continuar, incluindo os resultados do próximo censo. Essa análise territorial e ambiental é fundamental para aprimorar a gestão rural e fortalecer o setor aquícola”, destaca Oliveira.
Workshop para alinhamento técnico
No dia 10 de março, especialistas do IBGE e da Embrapa Territorial participaram de um workshop na sede da Embrapa para discutir as estratégias de integração dos dados. Ian Nunes, técnico em sensoriamento remoto do IBGE, e Octávio Oliveira estiveram presentes no encontro, que reforçou o alinhamento entre as equipes.
“O workshop foi essencial para aprofundarmos o entendimento sobre os trabalhos em andamento. Além de identificar novas possibilidades de integração entre as bases de dados, sempre visando a melhoria das estatísticas agropecuárias”, conclui Lucíola Magalhães.
Com o uso da tecnologia satelital e a cooperação técnica entre as instituições, o próximo Censo Agropecuário promete ser mais eficiente, detalhado e capaz de fornecer um retrato fiel da aquicultura no Brasil.
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