A China anunciou a suspensão temporária da compra de carne de frango brasileira por 60 dias, após o Brasil confirmar o primeiro foco de gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no município de Montenegro, Rio Grande do Sul. A informação foi confirmada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, em entrevista à TV Globo nesta sexta-feira (16).
O foco da doença foi detectado em um matrizeiro (granja de produção de ovos férteis) no Rio Grande do Sul, marcando a primeira ocorrência da IAAP em sistema comercial no país. Antes, os casos registrados envolviam apenas aves silvestres. Em resposta, a área ao redor da granja, num raio inicial de 10 km, foi isolada, e as aves remanescentes foram eliminadas para conter a disseminação do vírus.
Medidas de contenção e monitoramento
A Secretaria da Agricultura do RS iniciou investigações para identificar possíveis novos casos na região. O Ministério da Agricultura já acionou o Plano Nacional de Contingência, adotando medidas rigorosas de contenção e erradicação do vírus, além de comunicar oficialmente a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), os Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, e parceiros comerciais internacionais.
O governo federal decretou emergência zoossanitária na área afetada para garantir o controle da doença e a segurança do setor avícola.
Segurança alimentar garantida pelo Ministério da Agricultura
O Ministério reforça que o consumo de carne de aves e ovos permanece seguro, pois a gripe aviária não se transmite pelo consumo desses produtos. O risco de infecção humana é considerado baixo e ocorre principalmente em pessoas com contato direto e prolongado com aves infectadas, como tratadores e profissionais do setor.
Impacto nas exportações e no mercado internacional
A China, maior importadora da carne de frango brasileira, representa cerca de 10% das exportações do setor, que somaram US$ 10 bilhões em 2024. A suspensão temporária das compras pode afetar o mercado brasileiro, mas o Ministério da Agricultura destaca a robustez e confiabilidade do sistema sanitário brasileiro, que já vinha adotando protocolos rigorosos para evitar a entrada e disseminação da doença.
Outros países também acompanham de perto a situação, e o Brasil mantém diálogo constante com parceiros comerciais para garantir transparência e segurança.
A gripe aviária circula desde 2006 em várias regiões do mundo, especialmente na Ásia, África e norte da Europa. O Brasil vinha monitorando a doença desde então, com ações como vigilância epidemiológica, monitoramento de aves silvestres, treinamento de técnicos e controle nos pontos de entrada de animais e produtos.
Em 2023, o país registrou surtos em aves silvestres em pelo menos sete estados, mas esta é a primeira vez que o vírus é detectado em avicultura comercial.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) emitiram uma nota
Nota setorial
Com relação à identificação de foco de H5N1 em uma granja de aves do município de Montenegro (RS), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) ressaltam a total transparência do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, juntamente com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) do Rio Grande do Sul em relação à identificação, comunicação e contenção da situação, que é pontual.
A ABPA e a ASGAV estão apoiando o MAPA e a Seapi neste processo. Todas as medidas necessárias para o contingenciamento da situação foram rapidamente adotadas, e a situação está sob controle e monitoramento dos órgãos governamentais.
Ao mesmo tempo, as entidades confiam na rapidez das tratativas que serão adotadas pelo Ministério e pela Secretaria em todos os níveis, de tal forma que qualquer efeito decorrente da situação seja solucionado no menor prazo possível.
Por fim, a ABPA e a ASGAV lembram que a situação em questão – assim como qualquer outra ocorrência da enfermidade em aves – não representa qualquer risco ao consumidor final.
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