A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados realizará uma audiência pública nesta terça-feira (20), às 14h, no plenário 6, para discutir o risco da monilíase nas principais regiões produtoras de cacau do Brasil. O debate foi solicitado pelo deputado Zé Neto (PT-BA) diante da crescente preocupação com a disseminação dessa doença.
O que é a Monilíase?
A monilíase é uma doença causada pelo fungo Moniliophthora roreri, que ataca os frutos do cacaueiro e do cupuaçuzeiro. Essa praga provoca necrose na casca e no interior dos frutos, além de esporulação, que serve como fonte de infecção para outras plantas. A doença pode afetar o cacaueiro em qualquer estágio de desenvolvimento do fruto, tornando-a especialmente devastadora para a produção agrícola.
Ela pode causar perdas que variam de 70% a 100% da produção em áreas afetadas, tornando-se uma ameaça grave para a cacauicultura brasileira. Autoridades já detectaram a doença em áreas do Acre e do Amazonas, estados onde a produção comercial ainda está em estágio inicial. No entanto, o risco de a gripe aviária avançar para as principais regiões produtoras — como Bahia, Pará, Rondônia e Espírito Santo — continua alto.
Além da redução drástica na produção, os prejuízos econômicos podem alcançar bilhões de reais anualmente, impactando diretamente mais de 100 mil famílias que dependem da cadeia produtiva do cacau. A disseminação da monilíase pode provocar aumento do desemprego rural, desmatamento e impactos ambientais negativos nos biomas Amazônia e Mata Atlântica.
Como a monilíase se propaga
O fungo se dispersa por meio do vento, da chuva, de insetos e até pela ação humana, o que exige medidas rigorosas de controle e monitoramento para evitar sua propagação. A doença é considerada quarentenária, ou seja, sua introdução e disseminação são tratadas com máxima prioridade pelas autoridades fitossanitárias.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), junto com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) e associações como a Associação Nacional de Produtores de Cacau (ANPC), tem adotado protocolos de supressão e monitoramento, que incluem:
- Redução da copa das plantas infectadas
- Remoção e destruição dos frutos doentes
- Aplicação de ureia para controle do fungo
- Monitoramento constante das lavouras nas regiões de risco
- Reforço das medidas fitossanitárias e biosseguridade nas propriedades
O deputado Zé Neto reforça a necessidade da colaboração de todos os elos da cadeia produtiva para o bloqueio da disseminação da monilíase, com cumprimento rigoroso dos protocolos de monitoramento e mitigação.
Histórico de devastação
A monilíase já devastou plantações de cacau em países da América Latina, como Colômbia, Equador e Peru. No Brasil, a doença foi detectada pela primeira vez em 2021, em uma árvore de cupuaçu no Acre. E desde então o governo decretou emergência fitossanitária para conter sua expansão.
Especialistas alertam que a cacauicultura brasileira, especialmente nos sistemas tradicionais de cultivo à sombra (cabruca), enfrenta alta vulnerabilidade à praga por causa da baixa produtividade e do uso limitado de manejo tecnológico. No entanto, áreas mais tecnificadas, com manejo adequado e irrigação, podem conviver melhor com a doença.
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