O Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) iniciou uma ampla mobilização rumo à COP30 — Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, marcada para novembro de 2025, em Belém, no Pará. Reconhecido como um dos principais movimentos sociais em defesa das comunidades tradicionais que vivem nas florestas, rios e maretórios brasileiros, o CNS planeja levar mais de 500 lideranças extrativistas ao evento global.
Entre os principais objetivos da participação na COP30 estão o fortalecimento das comunidades extrativistas e a defesa da criação de novas Unidades de Conservação (UCs), a regularização fundiária, a melhoria da infraestrutura nas Reservas Extrativistas, além da valorização da economia da sociobiodiversidade, com foco em linhas de financiamento específicas.
A entidade também destaca a importância da gestão socioprodutiva dos territórios, o fortalecimento da organização social das comunidades e o incentivo à participação ativa de mulheres e jovens no movimento.
<h4>Movimento celebra legado de Chico Mendes na COP30
Fundado por Chico Mendes, ícone da luta socioambiental no Brasil, o CNS completará 40 anos de atuação em 2025. A entidade organizará diversas atividades para celebrar a data e reforçar sua presença na COP30. Uma das principais ações será a Marcha dos Povos da Floresta, que reunirá mais de 1.000 participantes nas ruas de Belém. Todos usando a tradicional poranga, instrumento de iluminação utilizado por seringueiros — agora adaptado com óleos naturais, como babaçu e andiroba.
“Queremos reafirmar que a Amazônia também pertence às comunidades tradicionais extrativistas, que protegem os territórios e mantêm seus modos de vida. Nosso protagonismo precisa ser reconhecido nas decisões climáticas globais”, destacou Letícia Moraes, vice-presidente do CNS.
CNS e o mercado de carbono: protagonismo no REDD+
Outro destaque da mobilização será a atuação estratégica no mercado de carbono. O CNS está promovendo capacitações sobre REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Ambiental). E também estáe participando ativamente da implementação da Lei nº 15.042/2024, que regulamenta o mercado de carbono no Brasil.
O presidente do CNS, Júlio Barbosa, ressalta que o movimento já iniciou consultas comunitárias para elaborar um documento que represente os interesses das populações extrativistas nas discussões sobre políticas de REDD+ e créditos de carbono.
“É essencial garantir salvaguardas, proteção territorial e governança. As comunidades devem ter autonomia para desenvolver seus próprios projetos de carbono e receber os benefícios financeiros de forma justa e direta”, afirma Barbosa.
Programação especial: Vila Extrativista e réplica da casa de Chico Mendes
Durante a COP30, o Conselho Nacional das Populações Extrativistas, em parceria com o Comitê Chico Mendes, organizará uma “Vila Extrativista”. Com destaque para a montagem de uma colocação de seringa — espaço que representará a vivência das famílias extrativistas, com casa, roçado e estradas de seringais. A estrutura também valorizará a diversidade socioprodutiva das comunidades tradicionais.
Outra ação simbólica será a réplica da casa de Chico Mendes, instalada no Museu Paraense Emílio Goeldi, permitindo que visitantes tenham contato com o cotidiano das populações da floresta.
“Queremos proporcionar uma experiência imersiva para que as pessoas compreendam a realidade de quem vive e protege a floresta. Nossa história precisa ser contada com protagonismo e respeito”, afirmou Ângela Mendes, filha de Chico Mendes e presidente do Comitê Chico Mendes.
Planejamento estratégico para 2025
As ações da mobilização foram discutidas na Reunião do Conselho Deliberativo do CNS e do Memorial Chico Mendes, realizada em Belém, com representantes de toda a Amazônia. O encontro definiu o planejamento estratégico do movimento para 2025 e revisou projetos em andamento. Além disso, traçou metas para ampliar a participação das comunidades tradicionais nas políticas socioambientais do Brasil e do mundo.
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