A piscicultura brasileira registrou um crescimento expressivo em 2024, com um aumento de 9,21% na produção de peixes de cultivo, atingindo 968,7 mil toneladas, conforme aponta o anuário Peixe BR 2025. Esse avanço foi impulsionado principalmente pela tilápia, cuja produção saltou 14,36% e alcançou 662,2 mil toneladas, representando 68,36% da produção total do país.
“Definitivamente, o brasileiro aprendeu a apreciar nossos peixes. Assim como na parte norte do país os nativos já fazem parte da alimentação das pessoas, a tilápia assumiu relevância indiscutível no centro-sul, tornando se presença semanal no prato”, destaca Francisco Medeiros, presidente executivo da Peixe BR.
No entanto, apesar desse crescimento, a atividade enfrentou desafios significativos ao longo do ano. Um dos principais foi a oscilação dos preços da tilápia ao produtor, impactada pelo aumento da oferta em relação à demanda. Além disso, no primeiro trimestre, o setor se mobilizou contra a iminente importação de tilápia do Vietnã, que foi suspensa após negociações com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
Tilápia impulsiona piscicultura
Enquanto a tilápia apresentou um desempenho acima da média, a produção de peixes nativos sofreu uma queda de 1,81%, encerrando o ano com 258,7 mil toneladas. Essa redução foi atribuída à menor oferta na região Norte, embora os preços tenham se recuperado no segundo semestre. Por outro lado, a categoria de outras espécies, que inclui pangasius, carpas e trutas, registrou um aumento de 7,5%, alcançando 47,8 mil toneladas.
No panorama regional, o Paraná manteve a liderança na produção nacional, respondendo por 25,8% do total, com 250,3 mil toneladas. O Sudeste destacou-se como a região de maior crescimento, superando o Nordeste e assumindo a segunda posição no ranking nacional.
As exportações de tilápia também avançaram, consolidando o Brasil como o segundo maior exportador de filé fresco da espécie para os Estados Unidos. A remoção da exigência do Certificado Sanitário Internacional (CSI) pela Food and Drug Administration (FDA) contribuiu para a maior competitividade do produto brasileiro no mercado externo.
Com expectativas positivas para 2025, o setor aguarda avanços na regulamentação da aquicultura, incluindo o Projeto de Lei 4.470/2024. O projeto propõe a extinção do Registro Geral da Pesca (RGP) e a criação de uma nova categoria para a atividade. Paralelamente, o mercado interno se mostra cada vez mais promissor, impulsionado pelo crescimento do consumo de peixes de cultivo em detrimento do pescado de captura.
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“O desafio agora é continuar investindo no mercado consumidor, ampliando pontos de venda e diversificando produtos. A oportunidade é imensa e depende de todos os elos da cadeia produtiva”, conclui Medeiros. Portanto, a piscicultura brasileira está em uma trajetória ascendente, com um potencial significativo para continuar crescendo e se consolidando no mercado nacional e internacional.
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