Depois da China, agora União Europeia anuncia a suspensão temporária da compra de carne de frango brasileira por 60 dias, após o Brasil confirmar o primeiro caso de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no município de Montenegro, Rio Grande do Sul. A informação foi confirmada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, nesta sexta-feira (16).
Segundo o Ministro, a suspensão está em contrato caso seja detecdado surtos da doença no país. O foco da doença foi detectado em uma granja comercial. E marca a primeira ocorrência da gripe aviária em aves comerciais no Brasil. Antes, os casos registrados envolviam apenas aves silvestres. Em resposta, o governo federal decretou estado de emergência zoossanitária por 60 dias em um raio de 10 km ao redor da granja afetada, com possibilidade de ampliação da área conforme avaliação da Secretaria de Defesa Agropecuária.
A equipe responsável sacrificou todas as aves remanescentes na granja para conter a disseminação do vírus. A Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul investiga possíveis novos casos na região. O Ministério da Agricultura já acionou o Plano Nacional de Contingência, comunicou oficialmente a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e os parceiros comerciais internacionais.
Em entrevista coletiva nesta manhã, Secretaria de Agricultura explicou o caso de gripe aviária em granja comercial. O governo informou que realizará, em até 7 dias, o monitoramento dentro de um raio de 10 quilômetros, para confirmar que o caso é um foco isolado. E o MAPA junto com as entidades do setor divulgarão novas medidas após esse passo.
Consumo de carne e ovos é seguro
O Ministério da Agricultura reforça que o consumo de carne de frango e ovos continua seguro. A gripe aviária não se transmite pelo consumo desses produtos. O risco de infecção em humanos é baixo e ocorre principalmente entre profissionais com contato direto e prolongado com aves infectadas.
Preocupação com mutações
Embora seja muito raro o caso de infecção em humanos, alguns especialistas recomendam atenção dos orgãos públicos sobre o tema.
“A confirmação do primeiro foco de gripe aviária (H5N1) em uma granja comercial no Brasil representa uma mudança significativa no cenário epidemiológico do país. Até então restrito a aves silvestres, o vírus agora entra no setor produtivo, o que amplia o risco de disseminação e requer vigilância rigorosa. Embora a transmissão para humanos ainda seja rara e ocorra, em geral, por contato direto com aves infectadas, a presença do H5N1 em granjas aumenta as chances de mutações, especialmente em ambientes de alta densidade animal e contato frequente com humanos”. Essa é a opinião do Dr. Klinger Soares Faíco Filho, infectologista da UNIFESP.
“Embora ainda seja rara entre humanos, o aumento dos casos alerta pesquisadores, médicos e veterinários. E não à toa, surtos como ebola e covid foram de origem animal”, ressalta a Dra. Greyce Lousana, presidente executiva da Sociedade Brasileira de Profissionais de Pesquisa Clínica, médica veterinária e uma das maiores referências em pesquisa clínica no País.
A Dra. Greyce aponta que, de acordo com últimos dados da Organização Mundial da Saúde Animal, corroborados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 75% das doenças infecciosas emergentes que afetam humanos vieram dos animais. Além disso, 80% dos agentes que apresentam potencial para serem usados como armas de bioterrorismo são patógenos zoonóticos.

“A próxima pandemia não será evitada apenas com vacinas, mas com vigilância constante dos habitats onde os vírus circulam. Se não tivermos uma interação entre médicos veterinários e demais profissionais de saúde, o futuro da humanidade será cada vez mais caótico. É fundamentar termos uma visão ampla nesse ecossistema”, reforça a especialista.
A integração dos esforços da medicina veterinária com os demais segmentos da saúde humana não é apenas uma necessidade emergente, mas um caminho vital para a manutenção da saúde global. A prevenção eficaz de pandemias futuras depende de uma abordagem holística, onde a colaboração interdisciplinar é mais do que recomendada, é essencial.
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