O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD) divulgado em 15 de maio pela iniciativa MapBiomas Alerta revela queda no desmatamento em cinco dos seis biomas brasileiros em 2024: Pantanal, Pampa, Cerrado, Amazônia e Caatinga. A Mata Atlântica foi a única exceção, mantendo-se estável em relação a 2023, apesar dos impactos dos eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul.
A área total desmatada no país somou 1.242.079 hectares, representando uma redução de 32,4% em comparação com 2023. O número de alertas validados caiu 26,9%, totalizando 60.983 registros no ano passado.
Redução do desmatamento por bioma em 2024 (comparado a 2023):
- Pantanal: queda de 58,6%
- Pampa: queda de 42,1%
- Cerrado: queda de 41,2%
- Amazônia: queda de 16,8%
- Caatinga: queda de 13,4%
- Mata Atlântica: aumento de 2%
O Pantanal e o Pampa lideraram as maiores reduções, seguidos pelo Cerrado, Amazônia e Caatinga. A Mata Atlântica apresentou leve crescimento devido aos desmatamentos provocados por eventos climáticos extremos, que, sem esses impactos, teriam resultado em uma redução de 20% na área desmatada.
Cerrado: maior área desmatada
Pelo segundo ano consecutivo, o Cerrado concentrou a maior área desmatada no país, com 652.197 hectares, o que corresponde a 52,5% do total nacional. A região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentrou 75% do desmatamento no Cerrado e cerca de 42% da perda total de vegetação nativa no Brasil. Apesar disso, o desmatamento no Cerrado caiu 40% em relação a 2023. O Maranhão lidera o ranking estadual, com 218.298,4 hectares desmatados, uma redução de 34,3%.
Amazônia: segunda maior área desmatada
A Amazônia registrou 377.708 hectares desmatados, representando 30,4% do total nacional. Essa área é a menor desde o início da série histórica do RAD em 2019. Juntos, Cerrado e Amazônia responderam por quase 89% da área desmatada em 2024.
Outros biomas
A Caatinga ocupou o terceiro lugar em área desmatada, com 174.511 hectares (14%). Pantanal e Mata Atlântica representaram 1,9% (23.295 hectares) e 1,1% (13.472 hectares), respectivamente. O Pampa teve a menor área desmatada, com 896 hectares (0,1%). Sistemas de detecção por sensoriamento remoto ainda enfrentam limitações em ambientes campestres, podendo subestimar o desmatamento no Pampa e Pantanal.
Terras Indígenas e Unidades de Conservação
Dois terços das Terras Indígenas (TIs) não registraram desmatamento em 2024. Apenas 33% das TIs tiveram algum evento, totalizando 15.938 hectares perdidos, uma redução de 24% em relação a 2023, equivalente a 1,3% do total desmatado no país. As Unidades de Conservação (UCs) perderam 57.930 hectares, uma queda de 42,5%. Em UCs de Proteção Integral, a redução foi de 57,9%, com 4.577 hectares desmatados. A APA Triunfo do Xingu (PA) foi a UC com maior área desmatada, com 6.413 hectares, 31,7% menos que em 2023.
O MapBiomas Alerta consolida, valida e refina dados de diversos sistemas de monitoramento do desmatamento no Brasil, como o Deter (Inpe) e os Sistemas de Alerta de Desmatamento (SADs) do Imazon, SOS Mata Atlântica-ArcPlan e Pampa/UFRGS/Geokarten. Cada alerta recebe análise detalhada com imagens de satélite em alta resolução, mostrando o antes e depois do desmatamento. Os laudos cruzam informações geográficas, fundiárias e administrativas para fornecer documentos completos sobre cada evento detectado.
Resumo dos principais dados de 2024:
- Redução de 32,4% na área desmatada em relação a 2023
- Queda de 26,9% no número de alertas validados
- Maior desmatamento concentrado no Cerrado e Amazônia (89% do total)
- Pantanal e Pampa com maiores quedas percentuais
- Estabilidade na Mata Atlântica, afetada por eventos climáticos extremos
- Redução significativa do desmatamento em Terras Indígenas e Unidades de Conservação
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