No Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, cresce a urgência de adotar práticas sustentáveis para enfrentar os impactos das mudanças climáticas em diversos setores, incluindo a produção de azeite. Tradicional e amplamente consumido globalmente, o azeite sofre diretamente com as alterações climáticas, que afetam a oferta e os preços no mercado mundial e nacional.
O Brasil é o segundo maior importador e o quarto maior consumidor mundial de azeite, o que torna o país especialmente sensível às oscilações causadas pelas mudanças climáticas nos países produtores. A variação na produção impacta diretamente a disponibilidade e o custo do produto para o consumidor brasileiro.
De acordo com o Conselho Oleícola Internacional (COI), os mais de 11 milhões de hectares de oliveiras cultivadas no mundo funcionam como importantes sumidouros de carbono, removendo cerca de 4,5 toneladas de CO₂ por hectare anualmente. No entanto, para garantir a sustentabilidade e a resiliência da produção, empresas do setor estão investindo em soluções inovadoras e responsáveis.
Investimentos em sustentabilidade e tecnologia
A marca italiana Filippo Berio, com mais de 150 anos de tradição, destaca-se por suas ações voltadas à sustentabilidade na produção de azeite. Eduardo Casarin, country manager Brasil & Latam da empresa, informa que os investimentos recentes resultaram em reduções significativas no consumo de energia (-3,4%), água (-8,6%), emissões de gases de efeito estufa (-6,7%) e produção de resíduos (-5%), conforme detalhado no último Relatório de Sustentabilidade da marca.
Além disso, a Filippo Berio implementou o “Método Berio”, que se baseia em quatro pilares: sustentabilidade, rastreabilidade, controle rigoroso dos parâmetros químicos e organolépticos, e certificação por entidades independentes como a SGS. Esse método assegura que os fornecedores adotem práticas agrícolas integradas e monitoradas periodicamente.
Tecnologia e inovação para produção sustentável
No olival da Villa Filippo Berio, na Toscana, a empresa utiliza sensores eletrônicos para monitorar em tempo real a presença da mosca das oliveiras. Assim, reduzindo o uso de defensivos químicos por meio de um controle mais preciso.

Em parceria com o Conselho Nacional de Pesquisa da Itália (CNR), a marca transformou 70 hectares de olivais em um “laboratório ao ar livre” para testar técnicas de agricultura sustentável, aumento da biodiversidade e resistência a doenças como a Xylella fastidiosa.
Produção mundial de azeite em recuperação
A expectativa para a safra mundial de azeite 2024/2025 é de aproximadamente 3,38 milhões de toneladas métricas. Isso representa um aumento de cerca de 32% em relação à safra anterior, que registrou 2,56 milhões de toneladas. Esse crescimento sinaliza uma melhora nos olivares, resultado dos investimentos em práticas sustentáveis e inovação tecnológica.
Com 99% do azeite consumido no Brasil sendo importado, o país enfrenta os efeitos da crise climática refletidos no aumento dos preços. Eduardo Casarin ressalta a importância das iniciativas sustentáveis para garantir uma produção resiliente e atender à demanda crescente por produtos responsáveis:
“No cenário atual, qualquer tipo de iniciativa é fundamental para promover uma produção de azeite mais sustentável e resiliente. Portanto, contribuindo para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e atendendo à crescente demanda por produtos responsáveis no mercado global.”
A produção de azeite, apesar dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, abre caminho para práticas agrícolas que beneficiam o meio ambiente e a sociedade.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Fundo investirá em startups de energia limpa no Brasil
+ Agro em Campo: Drones oceânicos brasileiros monitoram terremotos marítimos