A China, maior importador mundial de soja, está intensificando as compras do grão brasileiro. A estratégia reflete o temor de tarifas sobre produtos agrícolas dos Estados Unidos após a posse de Donald Trump, hoje, 20 de janeiro.
Processadores chineses estão adquirindo quase todas as cargas brasileiras para o primeiro trimestre. O movimento ocorre devido aos preços competitivos da soja brasileira e à possibilidade de tensões comerciais entre Washington e Pequim, segundo fontes do mercado.
No início de 2024, o Brasil forneceu 54% da soja importada pela China no primeiro trimestre, enquanto os EUA responderam por 38%. Atualmente, o Brasil já domina 74% das compras chinesas, deixando os EUA com apenas 18%, conforme dados da alfândega chinesa.
“Empresas estatais e privadas da China estão priorizando grãos brasileiros para fevereiro e março”, afirmou um trader de Cingapura. “Essa mudança favorece totalmente o Brasil.”
Preços competitivos e safra recorde atraem importadores da China
Os preços da soja brasileira, impulsionados por um clima favorável e pela desvalorização do real, atraem compradores. Em fevereiro, o grão brasileiro é cotado a US$ 420 por tonelada, incluindo frete, enquanto o produto norte-americano custa cerca de US$ 451 por tonelada.
As expectativas de uma safra recorde no Brasil e os custos reduzidos de produção consolidam o país como principal fornecedor da China. A ampla oferta doméstica chinesa, no entanto, pode limitar as importações no primeiro trimestre para cerca de 17,3 milhões de toneladas, abaixo das 18,58 milhões do mesmo período de 2024.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Picanha sem imposto, entenda o impacto da reforma tributária na carne
+ Agro em Campo: Mercado de trabalho atinge patamar histórico no agronegócio
Impacto nos estoques e exportações dos EUA
Os estoques dos EUA podem alcançar 10,34 milhões de toneladas até agosto de 2025, o maior volume em cinco anos. Isso ocorre porque a China reduziu sua dependência do grão norte-americano, impactando os exportadores em plena alta temporada.
Mesmo assim, a estatal chinesa Sinograin continua comprando soja dos EUA. O grão norte-americano é valorizado pelo maior teor de óleo, ideal para estocagem estratégica.
Com a intensificação das tensões comerciais, o Brasil consolida sua posição de liderança no mercado global de soja, enquanto os EUA enfrentam desafios crescentes para competir no maior mercado mundial.